INTEGRANTES

O Coletivo Terra em Cena é uma articulação de coletivos de teatro e audiovisual que atuam em comunidades da reforma agrária e quilombolas e em meio urbano. É composto por professores universitários da UnB e da UFPI, e da rede pública do DF, por estudantes das Licenciaturas em Educação do Campo da UnB e da UFPI/Campus de Bom Jesus e por militantes de movimentos sociais do campo e da cidade. O Terra em Cena se configura como programa de extensão da UnB, com projetos de extensão articulados na UnB e na UFPI, e como grupo de pesquisa cadastrado no diretório de grupos do Cnpq. Um dos projetos é a Escola de Teatro Político e Vídeo Popular do DF (ETPVP-DF) que integra a Rede de Escolas de Teatro e Vídeo Político e Popular Nuestra America.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Protocolo - Mutirão em novo Sol (Priscila Gomes Pereira)


Universidade de Brasília-UNB
Faculdade de Planaltina-FUP
Licenciatura em Educação do Campo-LEdoC
Turma II: Andréia Pereira dos Santos
Educadores: Rafael Villas Bôas
                       Rayssa Aguiar Borges

Educanda: Priscila Gomes Pereira




Protocolo

Mutirão em novo Sol



Na peça Mutirão em Novo Sol a questão de classe é abordada de maneira bem clara. Mostra de forma explícita o que os governos fazem e quem as leis que eles criam protegem. A arbitrariedade da justiça a favor dos poderosos é evidente do inicio ao final da obra.


 O personagem do Coronel Profírio representa muito bem a época dos coronéis no Brasil, onde eles eram quem faziam as leis e mandavam e desmandavam em quem eles queriam. Em uma das suas falas: “Nesta terra ninguém recusa convite do coronel Profírio Matias”, está claro que os coronéis tinham um grande poder de repressão e de intimidação, já que a lei sempre contava a seu favor.
Os agricultores são personagens de várias personalidades, têm pessoas conformadas com a situação, pessoas dispostas a lutar, ignorantes e sem escolaridade, individualistas e etc. Roque, desde o inicio da obra, quer unir os agricultores porque sabe que para lutar contra o coronel todos deveriam estar unidos. A formação da União, sugerida pelo jornalista Cruz, fortalece os laços e os compromissos dos agricultores para enfrentar o coronel. Roque, com as tentativas frustradas de receber apoio do juiz, conhece e aprende que a lei sempre fica do lado de quem tem dinheiro. O juiz logo restringe os códigos jurídicos somente para os que estudaram e proíbe que Honório o estude. Ainda através desta fala: “A terra dá de graça para quem tem o título de sua propriedade,” mostra como é o caráter omisso da lei quando se refere aos direitos dos trabalhadores.
Através dessa peça muitas pessoas podem conhecer e analisar criticamente o ambiente social daquela época, que não é muito diferente do de hoje. A peça mostra a formação de uma política que atua somente a favor de quem tem riqueza, enquanto os necessitados tem o direito de ser submisso ou serão chamados de baderneiros ou de pessoas que perturbam o bem estar social. Para essas  pessoas existem leis para puni-las severamente.
Nesta peça há a separação clara de leis para os ricos e para os pobres. Os camponeses, ao perceberem como a lei age, partem para fazer as suas próprias leis e sua justiça. Na fala de Roque: “A lei condenou e a lei é certa e justa, mas certa e justa para quem a fez; Nós ainda não fizemos a nossa lei. E quando fizermos a nossa lei também será certa e também será justa. Mas as duas não são iguais. A de vocês é lei de quem explora, a nossa é a lei de quem trabalha.” Nesta fala deixa claro que para os camponeses terem seus direitos reconhecidos precisam de novas leis que amparem e valorizem os trabalhadores.
Hoje ainda vejo que a maioria das leis que existe só serve para explorar os trabalhadores e reprimi-los. Vejo que no formato da peça, que vai do presente ao passado e deixa brecha para construir um futuro diferente, deixa certa indignação com o passado e presente, e uma inquietude e esperança para um futuro melhor onde não haja tanta desigualdade social e etc.
O coronel representa aquelas pessoas que só visa o lucro sem se importar com os seres humanos mais necessitados. Ele pensa somente em aumentar a produção e com isso exportar para fora do país. No momento presente infelizmente ainda é assim, o país é totalmente capitalista e por isso faz o possível e o impossível para aumentar a sua produção para exportação.
Os agricultores de hoje são mais educados e escolarizados do que os da época da peça, mas infelizmente nem todos tem senso de justiça e de força de vontade para mudar essa realidade, como os da época da peça tinham.
 Uma coisa muito importante que tem nessa obra são as músicas (coro) que completam os conflitos vividos pelos agricultores e as lutas que eles precisavam enfrentar. O coro ajuda a dá vida a peça e por esse e outros motivos devem ser muito bem pensado para não tirar o verdadeiro sentido da peça.
Hoje temos que lutar não apenas contra coronéis (grandes latifúndios), mas contra as transnacionais, agroindústrias, agronegócios, ou seja, a favor do desenvolvimento social e sustentável de nosso país. Também não podemos usar as mesmas armas e táticas de antigamente, pois o capitalismo nos ataca com novos inimigos e novas de exploração. Por esses e outros motivos muitas pessoas são exploradas e nem se dão conta disso. É preciso fazer um trabalho com elas para conscientizá-las e despertar nas mesmas o desejo e mudar de atitude, e de que elas não necessitam de viverem assim.
Agora no momento penso que seria muito importante apresentar Mutirão em Novo Sol, mas também criar outra obra que mostre os conflitos e lutas que temos que enfrentar no presente, como: A luta para preservar o meio ambiente, coisa que o capitalismo com as agroindústrias, agronegócios e as grandes transacionais destroem o meio ambiente e depois diz que são os pequenos agricultores os maiores responsáveis pela sua destruição. Devemos reivindicar alimentos saudáveis (luta direta com o agronegócio), direito de uma boa educação para todos os camponeses, meios de transportes adequados para levarem as nossas crianças em segurança para a escola, e de ter um bom plano de saúde e segurança para todos. Com isso fazer um retrocesso passando pelo passado, presente e mostrar o começo para um futuro melhor.
É muito importante mostrar que os movimentos sociais necessitam lutar pela transformação social do campo e da cidade, sendo de suma importância à aliança com a classe trabalhadora urbana.



Virgilândia, 08 de Dezembro de 2010.
Priscila Gomes Pereira







Mutirão em Novo Sol
Turma 2 da LEdoC
FUP - 2011

















Um comentário:

Unknown disse...

Caros(as) amigos(as).... sou atriz e arte educadora. No momento estou trabalhando na secretaria de agricultura de sobral/CE com grupos de mulheres “Boleiras” (que fazem doces, bolos, pães) na perspectiva da agricultura familiar. Estou iniciando o trabalho e desejo utilizar o teatro como instrumento de educação política com estas mulheres. Pesquisei textos sobre o assunto e me interessei no “Julgamento(ou Mutirão) em novo sol” do Boal mas não o encontrei para leitura. Assim, estou escrevendo para ver se alguém dispõe do mesmo para que eu possa lê-lo e trabalhar a partir dele. Meu e-mail para contato é siomarzie@yahoo.com.br e agradeço desde já qualquer apoio. Siomar Ziegler