INTEGRANTES

O Coletivo Terra em Cena é uma articulação de coletivos de teatro e audiovisual que atuam em comunidades da reforma agrária e quilombolas e em meio urbano. É composto por professores universitários da UnB e da UFPI, e da rede pública do DF, por estudantes das Licenciaturas em Educação do Campo da UnB e da UFPI/Campus de Bom Jesus e por militantes de movimentos sociais do campo e da cidade. O Terra em Cena se configura como programa de extensão da UnB, com projetos de extensão articulados na UnB e na UFPI, e como grupo de pesquisa cadastrado no diretório de grupos do Cnpq. Um dos projetos é a Escola de Teatro Político e Vídeo Popular do DF (ETPVP-DF) que integra a Rede de Escolas de Teatro e Vídeo Político e Popular Nuestra America.

Espetáculos

SINOPSES DOS ESPETÁCULOS MONTADOS PELOS COLETIVOS QUE INTEGRAM O TERRA EM CENA

Elenco do Terra em Cena na Faculdade UnB Planaltina
Mutirão em Novo Sol
Sinopse: O Coletivo Terra em Cena remonta a primeira peça sobre a questão agrária (1961) que tem como protagonistas camponeses e camponesas de uma comunidade afetada pela tentativa do fazendeiro de expulsá-los das terras arrendadas para que ele possa expandir a produção de capim colonião para a pecuária extensiva. Apesar de meio século ter passado, o problema do monocultivo e agricultura de larga escala, práticas do agronegócio, continua a expulsar comunidades do campo, aumentando o êxodo rural, degradando a fauna e flora de diversos biomas, fechando escolas do campo, e expulsando comunidades camponesas de seus territórios originários. A peça foi escrita por Nelson Xavier e Augusto Boal, entre outros, e foi encenada por elencos com integrantes do Teatro de Arena e do Movimento de Cultura Popular (MCP) na década de 1960.

Contra quê? Contra quem?
Sinopse: Peça construída pelo grupo de coordenação do Terra em Cena com estudantes da terceira turma do curso Licenciatura em Educação do Campo da UnB que aborda os desafios da luta pela reforma agrária no contexto da segunda década do século XXI no Brasil, em que uma série de medidas do governo brasileiro e do setor do agronegócio ameaçam a política de reforma agrária, expandindo o monocultivo, afetando a segurança alimentar e a soberania territorial do país.

O trabalho doméstico e a operária (Coletivo Blusa Azul, da URSS)
Sinopse: Peça típica do gênero do teatro de agitação e propaganda, que aborda, em chave alegórica, a superexploração do trabalho feminino e a necessidade da organização das mulheres operárias para enfrentar o problema conquistando espaços coletivos como creches, refeitórios, lavanderias, para que homens e mulheres pudessem dividir o trabalho de forma igual no contexto da tentativa de fortalecer uma cultura política atenta à luta contra o patriarcado e a divisão alienada do trabalho, na conjuntura de consolidação das bases da revolução soviética.

Os mais atuantes contra todas as doenças (Coletivo Blusa Azul, da URSS)
Sinopse: Peça representante do gênero teatro sanitarista, comum no período revolucionário, em que existia a necessidade de enfrentar as endemias e o combate às péssimas condições sanitárias em que vivia a classe operária. Com a estrutura formal do teatro de agitprop soviético, a peça narra o diálogo entre um médico e um operário a respeito das condições de saúde precárias em que ele e sua família vivem. Bactérias e doenças entram em cena, atacam o operário, que tem que se defender das doenças assumindo novas atitudes. A Educação Física surge em cena como alegoria da necessidade da classe trabalhadora adquirir novos hábitos de saúde como a prática de fazer exercícios.

Grupo Arte e Cultura em Movimento do Assentamento Virgilândia (Formosa – GO)
Luta pela Sobrevivência
Sinopse: Adolescentes do assentamento constroem uma peça que abordam o esgotamento dos córregos e nascentes que passam pelo assentamento, em função do uso dos pivôs de irrigação e barragens de fazendas ao redor, voltadas para o monocultivo da cana de açúcar, uma commodities do agronegócio. Na peça são apresentadas as relações do poder público municipal com o agronegócio e as tentativas das famílias camponesas de se organizarem para lutar pelo meio ambiente local.

Grupo Consciência e Arte do Assentamento Itaúna (Planaltina de Goiás – GO)
A invasão do agronegócio
Sinopse: Grupo de adolescentes e estudantes da Licenciatura em Educação do Campo da UnB se reúne para abordar numa peça teatral o impacto do modo de produção do agronegócio na vida e cultura das famílias dos assentados a partir da adoção da prática de arrendamento de terras dos lotes para os fazendeiros da região expandirem a produção de suas lavouras. O alto índice de agrotóxico nas lavouras afeta a saúde das famílias, gerando problemas respiratórios, afetando inclusive o leite materno. A disputa entre os modos de produção do agronegócio e da agricultura camponesa é abordada esteticamente com batalhas de rap entre fazendeiros e camponeses.

Grupo Arte Kalunga Matec (Comunidade Engenho II do Território Kalunga em Cavalcante – GO)
Sinopse: Grupo de adolescentes e estudantes da Licenciatura em Educação do Campo da UnB constrói uma narrativa teatral a partir dos recursos do teatro épico para abordar a luta e resistência secular das comunidades quilombolas do território calunga para sobreviver à escravidão e posteriormente ao Estado que não fez a reforma agrária e que manteve em condição marginal a maioria da população negra. São incorporadas na peça diversas formas de manifestações tradicionais dos povos Kalunga, como a dança Sussa e a linguagem musical da curraleira.

Grupo Vozes do Sertão em Luta pela Transformação (Cavalcante – GO)
Se há tanta riqueza por que somos pobres?
Sinopse: Grupo de adolescentes e estudantes da Licenciatura em Educação do Campo da UnB aborda o impacto da mineração por grandes corporações na cultura e no meio ambiente do território quilombola dos Kalunga e arredores. As práticas de assédio e tentativas de cooptação de lideranças comunitárias e representantes do poder público municipal por grandes corporações são abordadas com distanciamento crítico na peça. Poesias de poetas brasileiros como Carlos Drummond de Andrade, que abordaram a questão do impacto da mineração sobre o meio ambiente são incorporadas na estrutura da obra.

Coletivo Cenas Camponesas (Bom Jesus – PI)
"Luta Nossa, Camponesa"
Sinopse: A peça aborda o conflito entre o agronegócio e a agricultura camponesa no sul do Piauí, afetado pelo PDA Matopiba. A questão central é: de um lado, denunciar a grilagem digital de terras, expediente atual da expropriação dos camponeses da região pelo capital, articulado ao processo de fechamento de escolas, de exploração do trabalho e de contaminação ambiental; de outro, realçar o processo histórico de luta dos camponeses do PI, invocando elementos que caracterizam sua resistência coletiva. Para tanto, são utilizados recursos do teatro épico e incorporados elementos da mística, no encerramento do espetáculo. Entram em cena estudantes da Licenciatura em Educação do Campo da UFPI, os quais, por meio do projeto de extensão Cenas Camponesas, se valem da arte para fazer política, humanizar-se e alargar os horizontes da utopia.

Nenhum comentário: