INTEGRANTES

O Coletivo Terra em Cena é uma articulação de coletivos de teatro e audiovisual que atuam em comunidades da reforma agrária e quilombolas e em meio urbano. É composto por professores universitários da UnB e da UFPI, e da rede pública do DF, por estudantes das Licenciaturas em Educação do Campo da UnB e da UFPI/Campus de Bom Jesus e por militantes de movimentos sociais do campo e da cidade. O Terra em Cena se configura como programa de extensão da UnB, com projetos de extensão articulados na UnB e na UFPI, e como grupo de pesquisa cadastrado no diretório de grupos do Cnpq. Um dos projetos é a Escola de Teatro Político e Vídeo Popular do DF (ETPVP-DF) que integra a Rede de Escolas de Teatro e Vídeo Político e Popular Nuestra America.

sexta-feira, 22 de março de 2019

Programação da IV Mostra Terra em Cena e na Tela & II Seminário de Cultura do NAGU


A IV Mostra Terra em Cena e na Tela, acontecerá do dia 9 ao dia 11 de maio deste ano, em Bom Jesus-PI (UFPI, teatro Alard e Praça do Fórum).

Venham participar conosco desse momento de resistência cultural! 


9/maio (quinta-feira)
10/maio (sexta-feira)
11/maio (sábado)
8:30h - Ato de abertura

9h - Seminário “arte, educação e direitos humanos”
Convidados: Rafael L Villas Bôas (Terra em Cena/UNB); Pamela Peregrino (UFSB)

10 h – Café compartilhado

10:30 – Mostra audiovisual e diálogo com os realizadores - Juventude da CPT

Local: Auditório Central UFPI
8:30 - Mostra de Teatro e debate com elencos
Cenas Camponesas, VSLT, MPA/Picos

10:30 h – Café compartilhado

10:45 – Mostra audiovisual e diálogo com os realizadores – Produtores Javé Uchoa, Pâmela Peregrino e Tassia.




Local: Auditório Central UFPI
8:30 – Encontro de Juventude - CPT e MPA










Local:  Auditório da pós-graduação UFPI
14h - Oficinas simultâneas “Socialização dos meios de produção audiovisuais e teatrais”
        Teatro do oprimido – coringa (Rafael Villas Bôas)
          Teatro de agitação e propaganda (Pâmela Peregrino)
         Criação audiovisual (Dácia Ibiapina e Equipe Dedé Produções)
         Ferramentas básicas para produção audiovisual com uso de celular (Javé Uchôa)

Local: UFPI (sala a confirmar)
14h – Oficinas Simultâneas “Socialização dos meios de produção audiovisuais e  teatrais”
          Teatro do oprimido – coringa (Rafael Villas Bôas)
          Teatro de agitação e propaganda (Pâmela Peregrino)
           Criação audiovisual (Adirley  Queiróz e equipe Ceiceine)
        Criação audiovisual (Dácia Ibiapina e Equipe Dedé Produções)
         Ferramentas básicas para produção audiovisual com uso de celular (Javé Uchôa)

Local: UFPI (sala a confirmar)
14 h - Encontro da Juventude – MPA e CPT

Reunião de articulação dos coletivos participantes da mostra (horário a ser definido)






Local:  Auditório da pós-graduação UFPI
19h Mostra de cinema e debate com diretores/as
Diretor da noite: Adirley Queiróz
“A cidade é uma só”

Local: Teatro Alard
19h: Mostra de cinema e debate com diretor
Diretor homenageado: Dedé Rodrigues “O sanfoneiro que tocou no inferno”
Diretora homenageada: Dácia Ibiapina “O carneiro de ouro”

Local: Teatro Alard
19h –  Cine-debate ao ar livre e noite cultural
. Documentário “Ser Tão Velho Cerrado”
. Banda Caju Pinga Fogo

Local: Praça do Fórum







Inscrições no local do evento para atividades matutinas e noturnas.
Inscrições antecipadas para as oficinas da tarde, pelo site http://www.even3.com.br/mostraterraemcena/.

 Prazo: até dia 01/5. http://www.even3.com.br/mostraterraemcena/


Ajudem a divulgar o evento!!

Abraços fraternos!
Comissão organizadora!

"Atores somos todos nós, e cidadão não é aquele que vive em sociedade, é aquele que a transforma" (A. Boal)

terça-feira, 19 de março de 2019

Início das atividades do projeto “Mulheres na Ciência: desafios, mitos e resistência cotidiana”




O projeto tem a intenção de debater e combater a desigualdade de gênero no meio acadêmico, com ênfase nas particularidades do campo das ciências exatas e da terra e, a partir das atividades propostas, tem o objetivo de estimular meninas estudantes de ensino fundamental, médio e de graduação a estudarem ciências exatas e da terra.
A atuação profissional e acadêmica na área de ciências exatas e da terra é mundialmente caracterizada por uma proporção discrepante entre mulheres e homens. De acordo com o relatório da UNESCO, apenas 30% das pesquisadoras na área de ciência e tecnologia são mulheres. No Brasil, de acordo com dados do CNPq de 2014, na área de exatas e da terra, 34% são mulheres e 66% homens. No entanto, as mulheres ocupam 51% do total de pesquisadores cadastrados no CNPq.
As agendas feministas e os estudos de gênero têm revelado que a ciência e tecnologia (C&T), além de não serem neutras, estão inseridas em uma estrutura de poder e em relações de gênero, nas quais interesses e disputas influenciam nas opções de pesquisadores/as da área. Isto faz com que as mulheres que trabalham nas ciências, principalmente exatas, passem por situações de discriminação, assédio, humilhação e as mais diversas situações que o machismo estrutural da sociedade proporciona ao conjunto de mulheres, mas especialmente aquelas que “transgridem” a ordem patriarcal estão expostas a mais episódios no dia a dia.
Antes mesmo de entrarem na graduação, a maioria das garotas são desencorajadas a seguir carreiras na área de exatas, como mostram os estudos da UNESCO, apesar de não haver nenhuma comprovação científica de que meninas apresentem um desempenho inferior nas exatas (Kersey, 2018). Ainda que passem pelas barreiras no ensino básico, durante a formação acadêmica os números mostram que as bolsas de estudo se tornam cada vez mais escassas para mulheres à medida que o nível de pesquisa avança no Brasil (Valentova et al., 2017). Há uma variação entre 3 a 20% de mulheres bolsistas em áreas exatas. Quando se observam os dados gerais das bolsas de produtividade do CNPq, na categoria 1D por exemplo, 35% são destinadas a mulheres e 65% a homens, à medida que o nível de produtividade avança, as bolsas são cada vez menos destinadas a mulheres, como a bolsa 1A, em que apenas 24% é destinada a mulheres (CNPq, 2014).
Entendemos que para contribuir para o equilíbrio de gênero na academia, faz-se necessário romper os diversos gargalos existentes no percurso acadêmico de uma mulher. No nível da educação básica, propomos duas frentes de ação para o rompimento dessas barreiras:

1.    A desconstrução do mito de que existem profissões masculinas, ou femininas;
2.    O resgate pelo interesse nas disciplinas das áreas de exatas por parte das meninas de ensino médio e anos finais do ensino fundamental.

No âmbito da desconstrução dos mitos, propomos a elaboração de esquetes teatrais nos moldes do Teatro do Oprimido, e realização de obras em audiovisual. O debate e a construção de peças e/ou documentários fazem o enfrentamento de situações de assédio, e o Teatro do Oprimido será fundamental para a promoção de debates e reflexões no contexto escolar.
Serão propostas a montagem de esquetes teatrais e/ou audiovisuais sobre situações de assédio e machismo que são comumente denunciadas neste meio, com o intuito de explicitar e discutir formas de combatê-las. O projeto também visa realizar oficinas científicas nas áreas de matemática, química, física e geociências voltadas para jovens dos anos finais do ensino fundamental  e do ensino médio, com o objetivo de desmistificar a ideia sobre a existência de profissões tipicamente femininas ou masculinas, e de questionar o viés da desigualdade entre homens e mulheres nas diversas áreas de formação acadêmica. Estas atividades trarão levantamento de dados estatísticos sobre a desigualdade de gênero nas ciências, temas científicos desenvolvidos por mulheres nessas áreas e apresentação da contextualização histórica do desenvolvimento da matemática e das ciências, com ênfase nas diversas questões de gênero.
As primeiras atividades de teatro do projeto aconteceram junto com o terceiro módulo da segunda turma da Escola de Teatro Político e Vídeo Popular (ETPVP) – projeto de extensão do campus de Planaltina da UnB ligado a Casa da América Latina e ao programa de extensão e grupo de pesquisa Terra em Cena (www.terraemcena.blogspot.com) –, com oficina sobre Teatro do Oprimido e feminismo e laboratório sobre a dialética no Teatro do Oprimido, com Julian Boal.
Na oficina, Julian nos apresentou o trabalho da feminista francesa Muriel Maejsens, do M.L.F (do francês Movimento de Libertação das Mulheres), criadora do grupo "Feminisme en jeux"  (trocadilho "feminismo em jogo", do que está em jogo, e do que está em cena). Estudiosa das técnicas do teatro do oprimido, de Augusto Boal, Muriel percebeu que nas pautas feministas era comum que o teatro fórum muitas vezes levasse a plateia a interpretar cenas de opressão de maneira a culpabilizar a vítima.
O problema observado é que em cenas que focam no indivíduo, a intervenção reproduz o discurso dominante, e esconde o fator determinante por trás, que de uma forma ampla é a estrutura patriarcal da sociedade.
É possível mostrar que todo oprimido é um sujeito submisso/subversivo, e o teatro pode mostrar qual é a chave que aciona o lado submisso ou subversivo de um personagem. Em geral, é interessante que se busque nas cenas as chaves que acionam o aspecto dual submisso/subversivo.
Por fim, foi mostrado como devemos estar atentas às possíveis reações da plateia e como algumas oprimidas podem incorporar as violências mostradas em sua própria vivência.
No projeto, nos encontramos em reuniões periódicas (toda 1a segunda feira do mês, às 17h) que ocorrem no Laboratório de Artes, prédio Paulo Freire (FUP). Para participar entre em contato pelo e-mail meninasnacienciafup@gmail.com.

Por  Caroline Gomide, Susanne Maciel e Renata Aquino


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quinta-feira, 7 de março de 2019

Confira a programação e faça sua inscrição na 2ª Turma - Módulo 3 da Escola de Teatro Político e Vídeo Popular do DF




A Escola de Teatro Político e Vídeo Popular do Distrito Federal tem a honra de contar com a presença de Julian Boal, da Escola de Teatro Popular do Rio de Janeiro, para o terceiro módulo de sua segunda turma. As atividades serão realizadas entre os dias 11 e 14 de março, na Casa de Cultura da América Latina (Setor Comercial Sul) e ADUNB (Capus Darcy RIbeiro, UnB). A segunda turma da ETPVP-DF está adotando uma dinâmica diferente do método da primeira turma. Ao invés de um ano e meio de formação, concentraremos as atividades entre fevereiro e dezembro de 2019, e durante esse período organizaremos diversas atividades de formação: módulos sequenciais de formação em teatro político e vídeo popular, palestras e seminários, ensaios e apresentações do elenco da escola,  ações do coletivo de vídeo popular e atividades de tempo comunidade, que visam fortalecer e dinamizar a rede de espaços como casas de cultura, escolas públicas, campus de universidades e institutos e centros de formação de movimentos do campo e da cidade.
Cada atividade funcionará como unidade autônoma, com certificação específica, e para quem quiser se formar na segunda turma, o critério será o cumprimento de duzentas horas de formação, considerando a somatória da participação em atividades ofertadas pela escola durante o ano.

Segue o Link de inscrição: https://goo.gl/WcEmXq

quarta-feira, 6 de março de 2019

Programas de extensão do campus de Planaltina da UnB realizam seminário em Cavalcante promovendo apresentações e oficinas teatrais, debates e visita técnica em áreas de mineração e comunidades quilombolas Kalunga[1]

                                                                                   

                                                                                
Dando sequência ao ciclo de seminários de Tempo Comunidade da Licenciatura em Educação do Campo (LEdoC) promovidos na região de Cavalcante há mais de uma década, desde a criação do curso na UnB, em 2007, ocorreu entre 21 a 24 de fevereiro de 2019 mais uma atividade da Educação do Campo do campus de Planaltina da UnB, em parceria com as associações quilombolas do território Kalunga – Epotecampo, Associação Quilombo Kalunga (AQK) e Associação Kalunga de Cavalcante. Pela segunda vez o seminário é o resultado de dois cursos em alternância, a Ledoc e a Escola de Teatro Político e Vídeo Popular do Distrito Federal (ETPVP-DF). 
A Escola de Teatro Político e Vídeo do Distrito Federal decidiu mudar a metodologia de funcionamento no ano de 2019. Para permitir que mais pessoas de diferentes localidades tenham a oportunidade de participar de nossos processos formativos organizamos a proposta metodológica da segunda turma de modo que o processo de oferta de atividades não demande presença constante nem pré-requisitos da pessoa ter participado de módulos anteriores para se inserir nos processos formativos da escola. Com isso conseguimos estender para Cavalcante, onde há dois grupos de teatro quilombolas Kalunga articulados ao programa de extensão e grupo de pesquisa Terra em Cena[2], um dos módulos de formação da segunda turma da escola. Se forma na segunda turma quem completar duzentas horas de atividades cursadas, distribuídas em módulos, seminários, ensaios, produção de vídeos, etc.
Na mesa de análise de conjuntura, o diretor do campus de Planaltina da UnB, professor Dr. Marcelo Bizerril refletiu sobre as potencialidades da alternância para democratização do acesso ao ensino superior:  "As universidades têm tentado atuar no desenvolvimento local de diversas regiões do país, mas penso que são os novos campi que mais têm contribuído em ampliar as ramificações e inserções das universidades nas comunidades. No nosso caso, a alternância cria a condição da presença dos sujeitos das comunidades dentro da universidade, e amplia o impacto da ação da universidade nos territórios, no desenvolvimento local e humano."
Também presente na mesa a professora Dra. Eloísa Pilati, representando o Decanato de Ensino e Graduação (DEG) da UnB, como Coordenadora de Integração das Licenciaturas, fez um retrospecto positivo das políticas públicas desenvolvidas no ensino superior nos últimos quatorze anos: “Quero pontuar os avanços que tivemos nos últimos anos. Estou na UnB desde 1994. No curso de Letras, tínhamos só o curso de letras diurno. Depois ocorreu a ampliação para o noturno. A universidade passou por grande ampliação e democratização do acesso. Nos últimos quatorze anos tivemos as cotas, a criação dos Pólos da Universidade Aberta do Brasil (UAB), os programas de iniciação à docência, o PIBID e Residência Pedagógica. Passamos por momentos de transformação nas licenciaturas por meio de políticas públicas de renovação e de indução de transformações relevantes. Por exemplo, a questão do estágio foi melhor estruturada dentro da carga horária de formação e passou para 400h. A questão dos programas de iniciação à docência também é muito importante: o professor da UnB, o professor supervisor na escola, e os estudantes da universidade recebem bolsa, pesquisam e atuam em conjunto. Todas essas foram políticas importantes a ampliação do acesso à universidade, para a atualização dos projetos político-pedagógicos das licenciaturas e para a promoção de maior diálogo entre a universidade e a escola”.
Representando o Decanato de Extensão da UnB o Diretor Técnico de Extensão, professor Dr. Alexandre Pilati avaliou que “a Extensão vive hoje um momento importante de ajudar a universidade brasileira a repensar seu papel histórico e a assumir a responsabilidade verdadeira na construção e execução de um projeto nacional soberano e popular. Eu acredito que a escola pública brasileira, por mais contraditório que seja o cenário, ainda é o terreno em que conseguimos ter a vivência de uma idéia de democracia. Não é a toa que o projeto de militarização está acontecendo com as escolas públicas, isso é o impulso de controle da potência democrática das escolas. A crise da educação do Brasil não é crise, é um projeto”.
            A mesa de análise de conjuntura contou também com a presença de lideranças comunitárias de associações quilombolas, muitas delas professoras e professores formados na Licenciatura em Educação do Campo da UnB, como Maria Lucia Godinho, presidente atual da Epotecampo, que relatou a ampliação da organização social no quilombo a partir das parcerias com as universidades e informou a intenção de construção de uma Escola Popular Kalunga, que possa sistematizar as demandas e articular as parcerias com as diversas universidades e institutos para que as equipes de pesquisa e extensão possam desenvolver projetos com as comunidades quilombolas Kalunga visando a preservação ambiental, o desenvolvimento econômico e o fortalecimento da organização social e cultural do território.
            Por decisão dos integrantes dos grupos de teatro VSLT e Arte Kalunga Matec, integrantes da comissão organizadora, decidimos realizar as apresentações teatrais em espaços abertos da cidade, e não mais no mesmo local em que estaria ocorrendo o seminário, as oficinas e os laboratórios. Desse modo, as peças do Coletivo Fuzuê foram realizadas na praça do Fórum (Experimento Confere) e na Feira do agricultor (Experimento Fuzuê), e a peça do Coletivo quilombola Vozes do Sertão Lutando por Transformação (VSLT) foi apresentada na praça Primavera, no bairro da Vila. 
Segundo Raiane Gonçalves – formanda na oitava turma da Licenciatura em Educação do Campo da UnB, a turma Ganga Zumba, integrante do coletivo VSLT e autora da monografia de conclusão de curso “Teatro político como luta emancipatória das comunidades tradicionais” – o público da cidade elogiou as três peças e várias pessoas começaram a procurar o VSLT interessadas em participar do grupo. Há depoimentos de pessoas que alegaram ter mudado de opinião a respeito da mineração após terem assistido a peça “Se há tanta riqueza por que somos pobres?”, conta Raiane. A peça apresenta e discute os prós e contras do modelo de exploração vigente e a conveniência de sua entrada na região. Ao final uma envolvente assembleia é realizada misturando o elenco ao público e a decisão é por rejeitar que esse modelo adentre ao território e as comunidades.
De acordo com os coordenadores do VSLT Ana Leda e Carlos Conceição, organizadores do módulo em Cavalcante “o módulo em Cavalcante, foi um grande salto na formação política dos grupos de teatro, reforçando as nossas pautas. Foram muito  importantes e produtivas as oficinas, as apresentações teatrais,  a convivência. No módulo 2 o nosso coletivo pôde identificar com qual teatro trabalhamos, aprendemos técnicas  novas para  trabalho no coletivo  VSLT.Nossa avaliação é que foi um espaço de muita produtividade, organização social e crescimento intelectual. Foi uma sacada muito boa os professores trabalharem a teoria, junto com os movimentos, construção de cenas, facilitando esse primeiro contato. Outro saldo positivo foi os grupos de teatros fazerem os espetáculos em espaços públicos abertos, quebrando uma parede e proporcionando que a comunidade assistisse as intervenções. Analisamos que esse foi um dos mais produtivos espaços de diálogo com a linguagem artística e pensamento dos grandes pensadores do teatro político”.
No último dia da atividade foi realizada uma visita guiada em áreas de mineração que ocorrem na região. A visita teve início em frente à mineração Penery, mineradora de ouro (hoje desativada), que pertence a essa empresa desde 1998. Porém, o histórico de mineração da área remonta a 1740 quando se inicia a extração artesanal de ouro na região.
A partir de 1970, a área começa a ser explorada como garimpo subterrâneo e na década de 1980, empresas privadas passam a controlar a área a partir da concessão de lavra e as galerias se aprofundam até 70 metros. Existem estudos que atestam que o minério de ouro da Mina Buraco do Ouro, nome que a área é conhecida, está associado à mineralização de prata e de elementos do grupo da platina (utilizado, principalmente, na indústria automotiva, indústria química/petroquímica, indústria joalheira, indústria do vidro, indústria de materiais odontológicos e materiais medicinais). 
Foi na mina Buraco do Ouro que um grupo de pesquisadores do Instituto de Geociências da Universidade de Brasília (Nilson Botelho e colaboradores) identificou um mineral de ocorrência única no mundo, que recebeu o nome de Kalungaíta. 
Durante a visita, foi abordado o histórico da mina, foram apresentados os principais processos que ocorrem no espaço da mineração (da extração ao beneficiamento) e a exposição dos riscos e impactos que a cidade de Cavalcante está sujeita. Também visitamos a área de estocagem e britagem do minério de manganês, explorado em áreas da mina em operação localizada em região vizinha ao território quilombola Kalunga, utilizando-se das estradas que ligam a cidade à algumas comunidades do território, degradando a estrada, como foi possível presenciar no caminho para a comunidade Engenho II.
Ao final da visita, o grupo visitou a comunidade Engenho II, conheceu a cachoeira da Capivara e assistiu a uma breve apresentação da comunidade, da escola e das atividades de turismo que os moradores gerenciam na região do quilombo.
Cavalcante reduz, em escala particular, as contradições da desigualdade brasileira. A despeito de ser um território rico em minérios, em recursos hídricos, em fauna e flora, tem um dos menores IDHs dos municípios brasileiros. Apesar de ser a cidade que abriga em seu distrito a maior parte dos 254 mil hectares do quilombo Kalunga, o maior do Brasil, essa memória não se reverte em presença efetiva nos postos políticos e na consciência racial da maioria da população. 
Todavia, essa é uma realidade que está sendo modificada de forma acelerada: no final de 2018 a cidade abrigou o primeiro encontro de estudantes universitários quilombolas, as associações comunitárias estão em nível crescente de organização e participação, a presença dos grupos comunitários de teatro, audiovisual e manifestações de cultura tradicional kalunga têm aumentado, e cresce em escala exponencial a quantidade de professores quilombolas Kalunga formados nos cursos da UnB, UFG, UFT, do IFG e da UEG. O poder público municipal, reconhecendo essa dinâmica crescente, mantém aberto o pólo da Universidade Aberta do Brasil para receber os cursos e seminários promovidos pelas universidades, o que amplia em muito as possibilidades de formação e realização de atividades diretas com as comunidades, articulando as dimensões do ensino, pesquisa e extensão no território.
                                                                                   Por Rafael Litvin Villas Bôas e Caroline Siqueira Gomide[3]
Planaltina, 06 de março de 2019.


[1]A atividade é parte integrante do projeto contemplado pelo edital EDITAL Nº 01/2018 PROGRAMA DE EXTENSÃO EM EDUCAÇÃO, TRABALHO E INTEGRAÇÃO SOCIAL do Decanato de Extensão (DEX) da Universidade de Brasília, resultado do acordo entre a UnB e o Ministério Público do Trabalho (MPT) no PAJ 000608.2009.10.000/8-01.
[2]Mais informações podem ser obtidas no blog www.terraemcena.blogspot.com
[3]Professores do campus de Planaltina da UnB. Coordenam respectivamente os programas de extensão Terra e Cena e Território Kalunga. Integrantes do Colegiado de Extensão da FUP.

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