INTEGRANTES

O Coletivo Terra em Cena é uma articulação de coletivos de teatro e audiovisual que atuam em comunidades da reforma agrária e quilombolas e em meio urbano. É composto por professores universitários da UnB e da UFPI, e da rede pública do DF, por estudantes das Licenciaturas em Educação do Campo da UnB e da UFPI/Campus de Bom Jesus e por militantes de movimentos sociais do campo e da cidade. O Terra em Cena se configura como programa de extensão da UnB, com projetos de extensão articulados na UnB e na UFPI, e como grupo de pesquisa cadastrado no diretório de grupos do Cnpq. Um dos projetos é a Escola de Teatro Político e Vídeo Popular do DF (ETPVP-DF) que integra a Rede de Escolas de Teatro e Vídeo Político e Popular Nuestra America.

quarta-feira, 26 de outubro de 2022

NOTAS SOBRE AS FORMAS DA AGITAÇÃO E PROPAGANDA EM CAMPANHA ELEITORAL

 

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A Escola de Teatro Político e Vídeo Popular (ETPVP -DF) compartilha este material síntese sobre formas do Agitprop com algumas experiências testadas ao longo da trajetória do coletivo, especialmente neste período do segundo turno de campanha eleitoral de 2022.

Segue o link: https://drive.google.com/file/d/1TIuTFja-eta9h02z_08Yf9XilixGmL1y/view?usp=sharing

Seguimos em luta pelo combate ao fascismo e construindo o poder popular!

segunda-feira, 17 de outubro de 2022

Cartilha "Agitprop no processo de transformação social" | Via Campesina



Em 2007 um grupo de militantes do MST elaborou a cartilha "Agitprop no processo de transformação social" direcionada aos movimentos integrantes da Via Campesina. Quinze anos depois, e em contexto de campanha eleitoral polarizada entre a frente democrática brasileira e o neofascismo da extrema direita, percebemos que, para além da aposta dos partidos no marketing político, segue sendo necessário e estratégico o trabalho de base, a educação popular e o trabalho de formação e organização social vinculado às comunidades, territórios e em parceria com movimentos sociais populares, sindicais e associações da classe trabalhadora. Por isso, quando muitos comitês se formam para defender a democracia recolocamos a cartilha à disposição, para àqueles que sabem o que querem fazer, mas podem não dispor de repertório sobre como e o que fazer. Boas lutas!

sexta-feira, 16 de setembro de 2022

Universidade para Quê? | A universidade e os povos tradicionais


Universidade para quê?

Episódio 4: A universidade e os povos tradicionais O programa “Universidade para quê?” busca divulgar à sociedade, a partir das ações desenvolvidas no campus da UnB em Planaltina (DF), os diversos, e por vezes pouco conhecidos, papéis da universidade pública para além do ensino de graduação tradicionalmente reconhecido como de alta qualidade. São pesquisas, projetos de extensão e parcerias com instituições governamentais, internacionais, comunitárias e ligadas à sociedade civil organizada que apoiam o desenvolvimento do território imediatamente ligado aos campi, mas que também atingem extensas regiões no Brasil e para além de suas fronteiras. “Universidade para quê?” é uma parceria entre UnBTV e a Faculdade UnB Planaltina (FUP), por meio do Laboratório de Educação e Comunicação Comunitária (LECOM). Nesse quarto episódio, discutiremos como a licenciatura em Educação do Campo (LEdoC) e projetos de extensão e impactaram lideranças Xavante no Mato Grosso e a comunidade quilombola Kalunga em Goiás. -------------------------------------------------------------------------------------------------- Acompanhe a UnBTV no Facebook, no Twitter e no Instagram: https://www.facebook.com/UnBTV https://twitter.com/unb_tv https://www.instagram.com/unbtv UnBTV - Agosto/2022

terça-feira, 26 de julho de 2022

Oficina Básica de Artes Cênicas é retomada de forma presencial na FUP

Em julho de 2022, durante o primeiro semestre letivo, no campus de Planaltina da Universidade de Brasília, conseguimos retomar as aulas práticas de teatro na Licenciatura em Educação do Campo, após o período de afastamento social necessário ao combate à pandemia. Trabalhei com Adriana Gomes, professora voluntária da LEdoC, egressa do curso e doutoranda do programa de pós-graduação em Artes Cênicas da UnB.

Aulas práticas de trabalho com a linguagem teatral não foram possíveis de ser realizadas de forma virtual, pois é necessário o conhecimento da dinâmica dos exercícios e jogos, e como dizia Augusto Boal, só aprende quem ensina, ou seja, é necessário praticar com o olhar atento para aprender o passo a passo, a didática do processo, para que seja possível, na sequência, reproduzir a experiência nas escolas quilombolas e do campo ou nas comunidades dos territórios quilombolas e de assentamento.



    (Jogo teatral hipnotismo colombiano)

Ainda que com etapa compacta, conseguimos iniciar a discussão com a turma – composta por dez mulheres e um homem, do quilombo kalunga, de acampamentos e núcleos rurais de Goiás e do DF – sobre o sentido ampliado das manifestações culturais que compreendemos dentro do amplo campo das artes cênicas. Para isso, é preciso estabelecer a diferença do teatro como arte do espetáculo executada em edifícios teatrais ou em interface com a televisão, sob os termos da indústria cultural, com as formas de cultura, arte e sociabilidade existentes nas comunidades.

O tal teatro, distante, aquele que a maioria das pessoas do campo e quilombos dizem que nunca foram, nas cidades, ver as peças de grupos profissionais, de repente é percebido como algo que existe, próximo, como a sussa, a capoeira, a dança da peneira, as folias, as festas, as romarias. Nos estudos de artes cênicas a etnocenologia teve papel de extrema importância para ampliação do campo epistemológico do significado das manifestações teatrais.

Uma das estudantes falou em “brincadeira” e adentramos no debate sobre o lúdico, sobre as formas de fabulação e na roda improvisamos, desautomatizamos o repertório corporal de nossos corpos de trabalhadoras e trabalhadores. No exercício “Quantas horas” em que reagimos fazendo gestos do que costumamos fazer no horário que é mencionado por quem conduz o jogo, as tarefas manuais domésticas ou da roça se alternavam com as de leitura e escrita. É a educação do campo: intelectuais do campo e do quilombo, que plantam o que produzem, que trabalham em suas casas, sistematizam os conhecimentos de suas comunidades e se apropriam do que a universidade pública tem para ensinar.

A turma é promissora, há pessoas de acampamentos, com pouca idade mas grande trajetória de luta pela reforma agrária em movimentos sociais, há pessoas de núcleos rurais e, como sempre, a grande maioria vem das comunidades do quilombo kalunga, de três cidades: Cavalcante, Teresina e Monte Alegre. De locais em que há egressas e egressos formados na Ledoc que já passaram pela área de linguagens e por todas as disciplinas de teatro. Há grande possibilidade de que em Tempo Comunidade possamos retomar o trabalho de formação de grupos nas escolas e comunidades ou de fortalecer àqueles e àquelas já existentes.

Encerrada a etapa de Tempo Universidade, começa o momento do trabalho em Tempo Comunidade. Uma das tarefas é a leitura e reflexão sobre a experiência de Augusto Boal com o trabalho no Peru com o método de Alfabetização Integral (Alfin), texto que compõe um dos capítulos do livro “Teatro do Oprimido e Outras Poéticas Políticas”. A outra tarefa é a socialização dos conhecimentos adquiridos na disciplina nas comunidades e ou escolas, seja por meio dos estágios, seja por meio de oficinas. Na disciplina “Pedagogia do Teatro” retomaremos o trabalho em Tempo Universidade, com o compartilhamento dos pontos altos e limites do trabalho desenvolvido em Tempo Comunidade. A turma toda está ingressando no Terra em Cena, e desse processo, esperamos que novos grupos possam nascer e breve!

 

Rafael Villas Bôas

Professor da disciplina OBAC e coordenador do Terra em Cena 

quarta-feira, 15 de junho de 2022

CULTURA E POLÍTICA: Narrativas da Escola de Teatro Político e Vídeo Popular do Distrito Federal / organização Viviane Pinto [et al]. Brasília, DF, 2022.

Esta publicação faz parte da organização de uma memória dos processos formativos mediados pela Escola de Teatro Político e Vídeo Popular do Distrito Federal (ETPVP-DF), por sua rede local e regional. Nela, compartilhamos o trabalho realizado pela escola com o teatro político, com o vídeo popular e com a cultura como matriz de formação. O livro reúne visões de mundo de agentes dessa rede narrando seus processos de pesquisa, criação, produção e circulação de cenas a partir da experiência com a escola. Nesse processo, os autores abordaram a diversidade de ações e de relações que a escola criou e possibilitou até o momento. Pensamos que este material possa ser de grande valia para trabalhos no campo da cultura e da educação, com vieses em relação aos movimentos sociais nos territórios.

Faça o download da versão completa do livro no link abaixo: 

https://drive.google.com/file/d/1Q5SCPkbkbIJqe1wdADye_Ib1tYedhn6x/view?usp=sharing

terça-feira, 14 de junho de 2022

Lançamento da publicação do livro digital da Escola de Teatro Político e Vídeo Popular do DF

Não perca! Amanhã, dia 15/06/2022, às 19:00hs, no canal do Youtube do Terra em CENA!

Lançamento da publicação do livro digital da ETPVP-DF


A publicação reúne um prefácio e dez artigos, escritos por professoras(es), estudantes e colaboradoras(es) da Escola de Teatro Político e Vídeo Popular do Distrito Federal, que compartilham processos de pesquisa, criação, produção e circulação de cenas e vídeos a partir da experiência com a escola.

O livro traz subsídios para trabalhos no campo do teatro político, do vídeo popular, da cultura e da educação em relação aos movimentos sociais nos territórios. 

 Participe e compartilhe!

https://www.facebook.com/terraemcena/

Link para o Canal do Terra em CENA:

https://www.youtube.com/channel/UCSRYx6y4yFKA-auTEgtKEEw


#ETPVP #teatropolitico #videopopular #facdf

#teatro #culturadf #sececdf

sexta-feira, 10 de junho de 2022

Mostra Audiovisual "Terra em Cena/Afrocena

Entre os dias 9 a 12 de junho deste ano (2022), aconteceu em Cavalcante/GO, a  II  Mostra Afro Cena. Trata-se de  um evento gratuito,  que celebra as matrizes artísticas afro-brasileiras, de modo a evidenciar a arte, a memória e a política como elementos da territorialização dos povos quilombolas, em especial do povo Kalunga, que habita a região da Chapada dos Veadeiros.

A programação contou com espetáculos teatrais, rodas de conversa, oficinas, apresentações de dança (sussa), bem como com cortejo e mostra audiovisual.


A Mostra Audiovisual "Terra em Cena/Afrocena" - ocorreu no dia 9 de junho na  Praça "Diogo Telles Cavalcante" -  é fruto de uma parceria entre o  Programa de Pesquisa e Extensão "Terra em Cena" - ligado à Licenciatura em Educação do Campo da UnB -, com apoio da Escola de Teatro Político e Vídeo Popular do PI "Cenas Camponesas" - ligada à Licenciatura em Educação do Campo da UFPI -, e as organizadoras da II Mostra  Afro Cena. 

No processo de curadoria compartilhada entre os parceiros, foi definida a relação Cultura-Ecossistema como eixo orientador da atividade, buscando-se evidenciar modos de vida e resistência quilombolas. Nessa perspectiva, os curadores priorizaram não apenas valorizar a produção local, selecionando filmes realizados na Chapada dos Veadeiros, mas que trazem entre seus protagonistas personalidades quilombolas da região, além de evidenciar em suas narrativas a complexidade da existência quilombola Kalunga, em suas formas de recriação de reprodução da vida, na relação com a natureza e com os bens simbólicos da tradição Kalunga. 

Os filmes selecionados refletem sobre uma forma de viver a partir de uma relação íntima com o Cerrado, seja pelo partejar da vida, bem como pela maneira que se constroem moradias, mas também a partir da corporeidade rítmica e vinculadas à dança, ao toque e ao canto de memórias e tradições presentes no território.

Além disso, a curadoria foi pensada com a preocupação de enraizar a Mostra audiovisual como um processo de formação e organização do território. 

Entre os filmes exibidos na Mostra Terra em Cena/AfroCena estão:

Flor de Moinho, documentário que aborda a experiência de Dona Flor, parteira e rezadeira da comunidade Moinho, situada em Alto Paraíso de Goiás (direção de Érika Bauer); 

Oficina de Adobe Kalunga, vídeo protagonizado por Carlos Roberto, quilombola que revela o saber-fazer envolvido na confecção dos  tijolos artesanais de adobe, muito utilizados nas moradias do povo Kalunga (produção de BlueTapeMedia);

Grupo de Sussa Flores e Frutos do Quilombo Kalunga, que versa sobre o grupo de Sussa formado por crianças e adolescentes quilombolas, que há mais de 10 anos se reune para dançar, tocar e manter vivos os rituais tradicionais o seu povo quilombola (direção de Maiana Diniz)

Após a exibição de cada filme, teve conversa mediada pelas curadoras, com a participação especial de integrantes dos Grupo de Sussa e de Carlos Roberto. 

Mais informações sobre a Mostra Afro Cena podem ser obtidas em 

https://www.instagram.com/mostrateatroafrocena/

quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

90 anos de Augusto Boal: universidades, coletivos e movimentos debateram ativamente seu legado em 2021

             O terceiro ano do governo de extrema direita no Brasil foi marcado pelo agravamento de tragédias: mais de 600.000 vítimas brasileiras de covid-19, crises ambientais, agravamento da fome... e pela sequência de tentativas orquestradas de desmonte da democracia brasileira, algumas derrotadas, outras bem-sucedidas. Mas, poderemos nos lembrar de 2021 e do tempo da pandemia também por ações de solidariedade, protestos, ações de resistência, experiências virtuais de grupos de estudo e seminários.

            Imbuídos desse espírito de pensar para organizar a crítica e o combate, inúmeros encontros foram realizados para refletir marcos importantes da história recente brasileira. O centenário de Paulo Freire foi uma das efemérides mais amplamente debatidas. E os debates sobre os 90 anos que faria Augusto Boal foram fóruns que promoveram o encontro de gerações de artistas, militantes, pesquisadores, movimentos e coletivos. Relacionamos neste texto alguns desses momentos marcantes, com o intuito de contribuir para uma visão plural dessa história que segue se construindo, viva, intrigante, polêmica.

            Conhecido como um dos homens de teatro mais importantes da América Latina pelo trabalho desenvolvido como diretor do Teatro de Arena e como criador do Teatro do Oprimido, a historiografia sobre Augusto Boal tem avançado amplamente nas décadas recentes, contemplando temas como: os anos de formação de Augusto Boal e a importância de sua passagem pelos Estados Unidos, cuja principal obra é a dissertação “Teatro do Oprimido: uma construção periférica-épica” (2015) de Geo Britto, um dos curingas do Centro do Teatro do Oprimido; a dimensão de Boal dramaturgo e a amplitude de sua obra, cujo marco de virada na historiografia é o livro “A hora do teatro épico no Brasil”, de Iná Camargo Costa, publicado em 1996 e, posteriormente, em 2016, pela editora Expressão Popular; as relações do Teatro de Arena com os movimentos de cultura popular dos anos 1960; a relação entre a Pedagogia do Oprimido e o Teatro do Oprimido, ; o papel de Boal e companheiros como Vianinha e Guarnieri, no debate político e cultural, como agitadores e propagandistas.

            Augusto Boal foi um homem do fazer coletivo, um homem de movimentos, de grupos, de partido. Sua ampla atuação não deve desconsiderar esse registro fundamental: vivendo sobretudo em contexto de resistência contra derrotas políticas, como os golpes na América Latina, Boal procurou sempre articular dialeticamente as esferas da cultura, da política e da educação.

            Dessa forma, por exemplo, aprendeu a questão do racismo como um dado constituinte da exploração de classe quando a esquerda partidária não conferia relevância estrutural ao tema. Certamente a proximidade com Abdias do Nascimento e o Teatro Experimental do Negro colaboraram para essa argúcia do olhar.

            A 9ª edição das Jornadas Internacionais de Teatro do Oprimido e Universidade, em 2021, promoveu amplo debate sobre os legados de Paulo Freire e Augusto Boal, com o tema “Esperançar, recriar e (RE)existir: pedagogias do sul na (re) construção das práticas de liberdade”, mobilizando pesquisadores e curingas de diversas universidade brasileiras e de diversos coletivos. Além disso, um grupo de professores ligados às jornadas e ao grupo de estudos em Teatro do Oprimido (GESTO) deu a partida, neste ano, à criação de um Observatório de Teatro do Oprimido nas universidades, para saber em que universidades, em quais áreas, quem e como trabalham com o Teatro do Oprimido, em todas as regiões do país.

            A Rede de Escolas de Teatro e Vídeo Político Popular Nuestra América promoveu emblemático debate reunindo numa mesa as contribuições de Carlos Brandão (Unicamp), a teatróloga peruana Alicia Saco – que trabalhou com Augusto Boal na importante experiência do projeto Alfabetização Integral (Alfin) – e a militante Lizandra Guedes, do MST do Maranhão, que abordou a experiência da recente Jornada de Alfabetização que trabalhou com a metodologia freiriana dos círculos de cultura.

Em 2021 também foi comemorada as duas décadas de existência da Brigada Nacional de Teatro do MST Patativa do Assaré, resultante de parceria entre Augusto Boal e o Centro do Teatro do Oprimido com o MST. Por meio de textos, um vídeo e uma edição do programa Cantoria de Varanda a data foi comemorada.

            Vale destacar a importância que recentes grupos de pesquisa criados por uma nova geração de pesquisadores, artistas e professores tem cumprido no âmbito da pesquisa da história do teatro político, proporcionando para estudantes, professores, coletivos e movimentos novas perspectivas de abordagem sobre temas e experiências que, por décadas, foram registrados por meio de estigmas e estereótipos pejorativos, ou eram ignorados dentro de espaços de formação estética e teatral.

É o caso do grupo Núcleo de Estudos em Teatro Político (Netep) e do grupo de pesquisa História, Política e Cena da UFSJ, que em 2021 realizaram seminário para discutir a história do teatro engajado e abordaram as relações de causalidade entre o teatro de agitação e propaganda (agitprop), o teatro épico dialético e as formas do Teatro do Oprimido.

Em outra frente, o grupo de estudos em Teatro Político (Getepol) da Universidade de São Paulo promoveu o encontro de fôlego “Atos em construção: encontros em comemoração aos 90 anos de Augusto Boal” com inúmeras mesas avaliando diversas dimensões da atuação de Augusto Boal.

            No âmbito da pesquisa cabe destacar a chegada, em 2021,  da tese de doutorado de Cláudia Pegini, pela Universidade Estadual de Maringá: “A urgência de 1968 nos estilhaços estéticos da I Feira Paulista de Opinião: espaço de criação coletiva e de desobediência estética e civil”, que traça relevante análise estética de conjunto da Feira Paulista de Opinião, destacando um feito organizado por Augusto Boal que marcou o ano de 1968 como um forte gesto de desobediência civil e agitação e propaganda do movimento artístico contra a ditadura, a repressão e a censura. O material se beneficiou da emblemática publicação sobre a 1ª Feira Paulista de Opinião (2015) resultante do trabalho do grupo de pesquisa Laboratório de Investigação Teatro e Sociedade, coordenado por Sérgio de Carvalho (USP).

            O Instituto Augusto Boal, sob o comando de Cecília Thumin Boal, segue incansável instigando a inconformidade com o fascismo, a resistência e o debate. Um exemplo foi o curso de extensão Teatro e Política, Brasil e Argentina organizado em parceria com o laboratório Drama em Cena (UFRJ), o grupo de pesquisa Terra em Cena (UnB) e com a revista Teatro Situado.

            Augusto Boal não venceu todas as batalhas que lutou, pelo contrário, mais resistiu ao arbítrio e a força que logrou vitórias. Todavia, se destacou pela resiliência, pela maneira como liderou gerações de artistas militantes em tempos históricos complexos, pela perspicácia como soube evitar a consagração pela via da Indústria Cultural.

            No início do neoliberalismo tentou fazer política por meio do teatro legislativo, de modo coletivo e evitando o personalismo característico do marketing político. Buscou parcerias horizontais com movimentos urbanos e do campo, não como público para suas apresentações mas como parceiros estratégicos, com quem se aprende e ensina, se traçam planos de transformação da realidade.

            Em tempos de ascensão do fascismo, da hegemonia da cultura totalitária de mercado, o trabalho que Boal desenvolveu por décadas, em coletivos, movimentos, por meio da sistematização de métodos e formas organizadas na proposta do Teatro do Oprimido, por meio de sua expressiva dramaturgia épica e dialética, segue nos convidando a aprender com ele.

 

Para saber mais:

 

Debate “Cultura Popular: diálogos entre Freire e Boal” da Rede Nuestra América, disponível no link: 

Curso de extensão Teatro e Política, Brasil e Argentina, disponível no canal do youtube do Terra em Cena: http://www.artes.uff.br/dissertacoes/2015/2015-geo-brito.pdf


Vídeo de homenagem do MST aos 90 anos de Augusto Boal: https://mail.google.com/mail/u/0/#search/20+anos+da+brigada+/KtbxLzGWwnmgmGGjgwsvVwMNcKqDkbXnhL?projector=1


Episódio do programa Cantoria de Varanda em homenagem aos 20 anos da Brigada Nacional de Teatro do MST Patativa do Assaré