INTEGRANTES

O Coletivo Terra em Cena é uma articulação de coletivos de teatro e audiovisual que atuam em comunidades da reforma agrária e quilombolas e em meio urbano. É composto por professores universitários da UnB e da UFPI, e da rede pública do DF, por estudantes das Licenciaturas em Educação do Campo da UnB e da UFPI/Campus de Bom Jesus e por militantes de movimentos sociais do campo e da cidade. O Terra em Cena se configura como programa de extensão da UnB, com projetos de extensão articulados na UnB e na UFPI, e como grupo de pesquisa cadastrado no diretório de grupos do Cnpq. Um dos projetos é a Escola de Teatro Político e Vídeo Popular do DF (ETPVP-DF) que integra a Rede de Escolas de Teatro e Vídeo Político e Popular Nuestra America.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

II Seminário Internacional Teatro e Sociedade

Bem Vindas/os ao II Seminário Internacional Teatro e Sociedade 2015. Para que todas/os tenhamos uma ótima estadia durante o seminário seguem algumas orientações importantes:

1º - A abertura do seminário acontecerá às 19:00hs no Anfiteatro 9, campus Darcy Ribeiro, Brasília-DF. Portanto quem chegar à Brasília no período da tarde e optar por ir direto para o seminário deve se dirigir ao campus Darcy Ribeiro da UnB, que fica no Plano Piloto. Ao término da abertura a organização do evento providenciará translado dos participantes para a Faculdade UnB Planaltina.
            Aos que chegarem pela manhã ou início da tarde e quiserem primeiro se alojar na Faculdade UnB Planaltina, teremos ônibus que sairão do campus de Planaltina para o campus Darcy Ribeiro às 17h.

2°- A Faculdade UnB Planaltina localiza-se na Área Universitária, 01, Vila Nossa Senhora de Fátima - Planaltina, Brasília – DF.

3º - Os ônibus que fazem a linha Aeroporto – Rodoviária do Plano Piloto são:

0.102 – W3 Sul – Rodoviária;
102.1 - W3 Sul – Rodoviária.

4º - Ao chegar à Rodoviária do Plano Piloto, quem optar em seguir diretamente para a UnB, deverá embarcar nos ônibus das linhas:

110.2 - Rodoviária Plano Piloto/ UnB;
0.110 - Rodoviária Plano Piloto/UnB.

Já quem optar por ir da Rodoviária do Plano Piloto para a FUP deverá embarcar nos ônibus das seguintes linhas:

0.620 – Eixo Norte-Sul/Planaltina DF – Parada da plataforma superior da Rodoviária
0.600 – Eixo Norte/Planaltina DF – Plataforma Inferior da Rodoviária Box 16

Lembrando que estas linhas passam próximas à Faculdade UnB Planaltina, pois passam na Avenida Independência. Ao entrar nesta avenida o passageiro deve desembarcar na primeira parada.

5º - Quem optar por ir da Rodoviária do Plano Piloto para a Rodoviária de Planaltina DF, existem outras linhas:

0.601 – Eixo Norte-Sul/Setor Tradicional/Rodoviária de Planaltina DF
0.602 - Eixo Norte-Sul/Vila Buritis/ Rodoviária de Planaltina DF
0.616 - Eixo Norte-Sul/Arapongas/ Rodoviária de Planaltina DF


6º - Para chegar à FUP, quem optar sair da Rodoviária de Planaltina DF, deverá dirigir-se ao BOX 16 e embarcar nos micro-ônibus das seguintes linhas:

601.4 – Feira/HRP/ V.Fátima/ UnB
601.3 – V.Buritis/ V.Dimas/ S. Sul/ UnB

7º - É importante que cada participante do seminário traga seus objetos de uso pessoal como: roupa de cama, banho, kit de higiene pessoal,etc.

8º - O II SITS não arcará com as despesas de alimentação.

9º - Quem tiver interesse em lançar livros ou revistas deve informar previamente à coordenação por meio do correio eletrônico do evento.


10º - Na Noite Cultural que será realizada no dia 16/12, teremos espaço aberto para apresentações individuais e coletivas. Será realizada também a feira de produtos artesanais da agricultura familiar. Portanto, quem tiver interesse em expor algum produto, por favor, nos avise com antecedência para que possamos organizar o espaço.

domingo, 6 de dezembro de 2015

II Seminário Internacional Teatro e Sociedade

Data: 14 a 17 de dezembro de 2015.
Locais: Campus Darcy Ribeiro (abertura e encerramento) e campus de Planaltina (oficinas, mesas e atividades culturais noturnas) da Universidade de Brasília

O II Seminário Internacional Teatro e Sociedade é o segundo grande evento da Rede Teatro e Sociedade, uma articulação internacional em processo de consolidação que envolve grupos de pesquisa de diversas universidades brasileiras (UnB, UFRJ, USP, UEM, UFV, Udesc, UFG, etc.), coletivos teatrais do Brasil, Argentina e Uruguai, e movimentos sociais que adotam a linguagem teatral como meio de formação e interação com a sociedade.
Durante os quatro dias do seminário serão realizadas seis mesas temáticas, cinco oficinas de teatro, mostras de vídeo, apresentações de peças teatrais e lançamentos de livros e vídeos dos grupos de pesquisa teatral envolvidos na Rede Teatro e Sociedade.
O II SITS é uma das atividades do projeto Teatro em Redes, iniciativa financiada pelo edital Mais Cultura Universidade, sendo uma das atividades dos vinte e três projetos que integram o plano de cultura da Universidade de Brasília, construído sob a coordenação do Decanato de Extensão.
O Seminário terá a abertura realizada no anfiteatro 9, do campus Darcy Ribeiro, às 19h do dia 14 de dezembro. As atividades do dia 15, 16 e 17 pela manha serão realizadas no campus da Faculdade UnB Planaltina, e o encerramento será realizado no auditório do Instituto de Letras no campus Darcy Ribeiro a partir das 14h do dia 17 de dezembro.

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Ficha de Inscrição para as oficinas do II Seminário Internacional de Teatro e Sociedade

Galera,
ainda há tempo para se inscreverem no II Seminário Internacional de Teatro e Sociedade.
É só copiar e colar o link abaixo na barra de endereço do seu navegador e terá como baixar a ficha de inscrição para as oficinas e nos enviar pelo e-mail teatroesociedade2015@gmail.com

Vamos lá!!!

https://drive.google.com/file/d/0B-oXgIY1iDlNTnd2QmxhVDJYZkE/view?usp=sharing

Programação e informes do II Seminário Internacional de Teatro e Sociedade

segunda-feira, 13 de julho de 2015

A experiência do MST com Teatro do Oprimido Fala para 21ª Conferência Pedagogia do Teatro do Oprimido, Chicago, 11 a 15 de junho 2015.



Meu nome é Carla Loop, sou militante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, no Brasil. Atuo na coordenação nacional do Coletivo de Cultura do MST. Ainda não sei falar inglês. Mas quero aprender. Para dizer por que aprender, preciso dialogar com vocês em português. Com licença.

Para que a luta concreta por justiça social avance radicalmente, não podemos ter fronteiras.

Desde o Brasil, o MST completa 30 anos de história, em que, a luta pela terra ainda não está superada, a luta pela reforma agrária ainda não está superada e, enquanto a propriedade privada prevalecer é preciso lutar por transformação social.

Temos mais de 150 mil famílias acampadas, ainda em barracos de lona, em todas as regiões do Brasil. E já conquistamos terra para mais de 350 mil famílias.

Temos 20 mil escolas no campo, cerca de 100 cooperativas organizando o sistema produtivo, cooperado e agroecológico.

Trabalhamos com cerca de 1,5 milhões de pessoas em 23 estados do país e na capital. São mulheres e homens capazes de seguir resistindo e lutando para fazer realidade dos sonhos.

Com esses objetivos, nos tornamos perigosos aos patrões chefes supremos. Porque a luta educa, e ajuda tomar consciência de que há pautas mais amplas, estruturantes para os trabalhadores efetivarem.

Como o direito a educação pública, saúde, comunicação, agroecologia e, a cultura, e dentro dela a arte e todas as suas linguagens, como o teatro, por exemplo.

O contato do MST com o teatro do oprimido cumpre com um papel fundamental: desenvolver a nossa capacidade, de construir, coletivamente, o nosso próprio ponto de vista sobre as formas que nós queremos construir e, não apenas reproduzir, aquilo que outros, sobre os seus pontos de vista, nos dizem o que fazer.

Ou seja, sem a posse por parte dos trabalhadores dos meios de produção e representação da realidade, não há justiça social.

Esse legado, aprendemos com Augusto Boal. Numa parceria de trabalho Boal se dispôs a fazer teatro com o MST e não para o MST. E, Boal nos provou que não seria suficiente apenas trazer peças para militantes ensaiarem. Era necessário aprender o método e a técnica. E nos termos da educação popular, se propôs a dar forma teatral aos problemas do Movimento, transferindo técnicas para que elas fossem usadas de acordo com as demandas e interesses do MST.

Junto com Boal e uma equipe do Centro de Teatro do Oprimido do Rio de Janeiro, realizamos um processo de formação em teatro com militantes do MST, que durou cerca de 2 anos. E, ajudou formar a Brigada Nacional de Teatro do MST. Que assumiu a missão de multiplicar os conhecimentos do Teatro do Oprimido pelos campos de todas as regiões do país. Eu conheci o teatro do oprimido nesse trabalho de multiplicação.

Desenvolvemos muitas experiências. Sem negar que temos limites, elas foram desde a realização de oficinas e seminários, leituras dramáticas e encenações. Organização de grupos teatrais, temos trabalhos em escolas do campo e em acampamentos, principalmente com grupos de jovens. Estudo de peças e atividades de formação política de militantes. Atividades para formação de educadores e trabalhos com crianças nas cirandas infantis.

Até colocar em pauta discussões difíceis para um Movimento camponês, como a participação efetiva das mulheres nas lutas e na organização do MST, a inserção da juventude nas tomadas de decisão do Movimento, a elevação cultural dos camponeses, as relações com outros setores da sociedade, campo e a cidade. E a percepção de que isso tudo se constrói cotidianamente.

Os trabalhos passam por jogos teatrais, exercícios e métodos específicos, com uma sequencia que compõem o Teatro Imagem e o método do Teatro Fórum.

No trabalho com teatro do oprimido tivemos acesso a obras teatrais relacionadas à abolição da escravatura e organização da república, revolução verde e ditadura militar, em que a questão agrária ocupou a cena teatral brasileira, (entre 1955 – 1965).

Os estudos dessas obras nos remeteram a pensar o teatro como um instrumento de formação política e organização popular. Não só um instrumento de difusão de ideologia, mas um instrumento que cumpre um papel de organizador coletivo.

Desta maneira, o teatro do oprimido não pode ser idealizado, ele não faz milagres. Ele é uma peça/um parafuso da engrenagem de uma luta política, e também, às vezes, a própria luta política.

É o caso de duas experiências brasileira que buscavam articular de forma orgânica as esferas da Cultura e da Política: o Movimento de Cultura Popular (MCP), que existiu de 1959 a 1964, e o Centro Popular de Cultura (CPC), de 1961 a 1964. Ali, setores da sociedade atuaram engajados no enfrentamento das contradições da sociedade brasileira, para ir ao encontro de novas demandas ensejadas pelas lutas populares do período. Mas a ditadura militar empresarial abortou essa possibilidade.

Portanto, herdamos um legado histórico de movimentos culturais e políticos. Que atuaram para que os meios de produção das diversas linguagens artísticas estivessem nas mãos dos trabalhadores.

Se quisermos ativar o sentido de força política formativa e de intervenção na realidade é necessário que retiremos da caixa de embalagem da forma espetáculo e mercadoria o teatro do oprimido.

A experiência vivida pelo MST, com tantos limites e desafios, aponta que está em jogo nada menos que a disputa pelas formas hegemônicas de representação da realidade, pois reconhecemos o caráter estratégico do combate também nessa trincheira.





A UTILIZAÇÃO DO AUDIOVISUAL PELA ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO MÉDIO JOCELI CORRÊA E SUAS IMPLICAÇÕES, INGRID ELISABETE PRANKE


TRABALHO TEATRAL: MEDIAÇÃO PARA FORMAÇÃO POLÍTICA E ORGANIZAÇÃO SOCIAL, LUCINETE DO CARMO DE PAULA ROCHA

TEATRO DO OPRIMIDO E O PROCESSO DE FORMAÇÃO POLÍTICA: ESTUDO DE CASO SOBRE O COLETIVO ARTE E CULTURA EM MOVIMENTO, FABIANA FRANCISCA DO ROSÁRIO

A FORMAÇÃO DA CONSCIÊNCIA POLÍTICA E O TRABALHO TEATRAL, KEYLA MORALES DE LIMA GARCIA

terça-feira, 9 de junho de 2015

Intercâmbio com o grupo Esquadrão da Vida

O Terra em Cena fará um breve processo de intercâmbio com o grupo Esquadrão da Vida, dirigido por Maíra Oliveira.

O Esquadrão é um dos grupos mais antigos do Distrito Federal, tem mais de 30 anos, e atua nas ruas, nos palcos, com seu repertório repleto de acrobacias, de musicalidade e poesia. www.esquadraodavida.wordpress.com

Seu fundador, Ary Para-Raios, se notabilizou como jornalista, ator, dramaturgo e diretor atuante no combate à ditadura, e depois na pauta ambiental, entre outras. O acúmulo que essa companhia tem é muito importante para a atuação em teatro de rua.

Na segunda, dia 08/06, o Esquadrão apresentou no Auditório 3 da FUP a peça "Quando o coração transborda", um monólogo de Maíra Lima.

E no dia 10, na quarta-feira, de 8h às 18h, Maíra vai dar uma oficina de teatro acrobático para a turma 6 da LEdoC que cursa Teatro 2, com o professor Rafael Villas Bôas. A oficina deve ter o limite de 30 pessoas e poderá receber mais cinco pessoas do Terra em Cena. É importante que quem for fazer a oficina possa ter visto a peça no dia 08.

Maíra informa que o ideal é que as pessoas que forem fazer a oficina tenham alguma iniciação ao trabalho corporal em teatro, de preferência com o vocabulário inicial do teatro acrobático.

Feito o convite, as pessoas interessadas devem escrever para Rafael, confirmando interesse e disponibilidade.


Boa semana para todas e todos!

segunda-feira, 25 de maio de 2015

Contradições produtivas no Teatro Jornal e Teatro Fórum do GTO/Montevideo: eficácia do teatro de agitprop e antinomia estética na proposta de Teatro Fórum

Na quarta edição do Óprima (www.oprima.wordpress.com), realizada na cidade do Porto, em Portugal, o coletivo GTO de Montevideo (Uruguai) apresentou uma peça com duas partes, motivada pela campanha em torno do plebiscito da proposta de rebaixamento da maioridade penal, no Uruguai.
Se apresentando como um coletivo de teatro político o grupo exibiu um filme de 7 minutos em que mostram seu envolvimento na campanha do plebiscito, que resultou na vitória da posição contrária ao rebaixamento, por uma margem pequena de votos.
Para tratar da equação reacionária “desigualdade social + encarceramento em massa = violência/paz e lucro” o grupo encara de frente um tema contemporâneo da maior dificuldade: a relação entre sociedade de consumo, o papel dos meios de comunicação de massa na produção da ideologia e a disseminação da intolerância. Para fazer isso o grupo opta pela forma do Teatro Jornal, e coloca em cena muitos dos procedimentos tradicionais do teatro de agitação e propaganda: o coro, o narrador, a ironia como gesto de distanciamento do ator e seu personagem, e dele com o público... A cena tem impressionante agilidade, e foi desenvolvida para ser apresentada em qualquer espaço, num teatro convencional ou na rua.
Uma das formas de agitação e propaganda mais utilizadas no período áureo dos coletivos auto-ativos de agitprop da União Soviética e da Alemanha anterior à ascensão do partido nacional-socialista, e posteriormente recuperada por Augusto Boal enquanto dirigia o Teatro de Arena, já nos anos de chumbo, o Teatro Jornal é recuperado e se mostra muito eficaz diante da demanda. Muitos dos presentes no 4º Óprima compartilham da opinião de que foi a melhor cena do gênero que já viram. É também minha opinião.
Na segunda parte é apresentada uma cena de Teatro Fórum. Uma república de jovens, em que um dinheiro coletivo some e a proprietária da casa, também jovem, acusa o rapaz que veio da periferia. O Fórum é dado entre os habitantes da casa, sem a presença do jovem acusado. Um conflito de classe, épico, portanto, embora abordado num espaço e universo dramático, submetido às leis do drama. A consequência para a apresentação do grupo é a queda de ritmo, da primeira para a segunda cena, e de abrangência do material problematizado.
Ao que tudo indica, para enquadrar o tema político da campanha numa cena de Teatro Fórum o coletivo submeteu o material às regras do drama, reduzindo o conflito à esfera do “lar”, entre quatro paredes, criando um conflito intersubjetivo entre os personagens, mediado pelo diálogo como veículo da ação. Possivelmente, o grupo adequou o material ao que compreendeu que seriam as regras necessárias para a viabilidade do fórum após a primeira encenação. Regras essas inerentes ao jogo dramático, que são de alguma forma, de fato, pilares da estrutura do Teatro Fórum, embora esse formato disponha também de muitos elementos épicos, como a presença do curinga como uma espécie de narrador-agitador, a quebra da quarta parede ilusória, a transformação do público num coletivo ativo e propositivo, etc.
O impasse a que o grupo chegou se chama tecnicamente antinomia estética, que significa a submissão do material de um gênero, no caso o épico, à forma de outro gênero, naquela peça de teatro fórum, o dramático. O conteúdo social da peça não coube no formato muito restrito do drama. Mas, encaixou perfeitamente na opção formal de agitprop do Teatro Jornal, trabalhada com esmero pelo coletivo.
Da maneira franca e aberta como cabe aos atores de teatro político, logo na apresentação o grupo expôs o mal estar com a cena de teatro fórum, em processo de construção, permitindo ao público que se colocasse mais atento diante da estrutura da cena, e não apenas aos seus efeitos. O retorno foi produtivo, e nos dias seguintes do 4º Encontro Óprima (abril de 2015) a peça do GTO Montevideo foi longamente debatida, em espaços coletivos e em momentos informais, permitindo aos trabalhadores de teatro, profícua troca de experiências, não apenas de seus acertos, mas sobretudo, dos limites que encontramos no trabalho cênico.
O impasse a que o GTO Montevideo chegou é semelhante ao que a Brigada Nacional de Teatro do MST Patativa do Assaré chegou em 2004, quando estava em processo de formação com Augusto Boal e equipe do Centro do Teatro do Oprimido. Algumas peças que os militantes do MST construíam naquele momento, como “Nem tudo que se planta colhe” e “A peleja de boi bumbá contra a águia imperiá” tratavam de problemas amplos historicamente, que envolviam agentes coletivos, classes sociais, e exigiam representações alegóricas dos sujeitos coletivos em conflito. Resultado: essas peças não davam fórum, ou seja, a estrutura das peças não permitia que o público entrasse em cena para propor uma forma de resolver o conflito a partir da intervenção de um personagem.
No caso de “Nem tudo que se planta colhe” tratávamos de mais de quatro décadas em cena, expondo que a causa do problema atual estava na Revolução Verde operada na década de 1950 e 1960, em conluio com regimes autoritários de poder e com o desenvolvimento da Indústria Cultural massiva. Logo, a matéria épica não permitia a redução às leis do drama.
Tínhamos a impressão que era um problema do coletivo, de capacidade técnica e estética de nossos quadros. Porém, quando convidamos a professora Iná Camargo Costa para nos instruir na teoria dos gêneros, segundo estudo de Anatol Rosenfeld, percebemos que o problema era de forma, e da opção que fazíamos quanto aos procedimentos estéticos para abordar os materiais sociais que nos propúnhamos a transformar em peças.
Ao percebermos que o problema não era nem do teatro fórum em si, nem da capacidade dos militantes do MST, passamos a notar no trabalho com Augusto Boal, e equipe do CTO, que existem muitas potencialidades no trabalho com o Teatro Fórum, no aprofundamento de questões que permitem a ação imediata diante da situação de opressão, como em casos de violência doméstica, racismo, formas de abuso de poder, etc. O debate de um problema com o público, por meio da cena, com a transformação de espectadores em atores, tem o poder de elevar a cultura política daquele coletivo, em torno das questões debatidas, na medida em que confere visibilidade a temas que são invisibilizados pelo preconceito, pelos tabus, pelas leis invisíveis da ideologia e da hegemonia. Quando um coletivo reconhece algo como um problema comum, e se dispõe a encenar meios de lidar e resolver a questão, há uma possibilidade concreta de alteração da cultura política, mesmo que em nível local, relacionada ao tema.
Certamente, não atribuímos ao Teatro Fórum mais poderes do que a ação teatral pode ter, cientes de que é na luta cotidiana que estruturas ideológicas, e padrões de relações de poder são alterados, desconstruídos. Mas, reconhecemos o poder que a ação teatral tem como instrumento de intervenção, de contestação dos pilares ideológicos que dão sustentação às formas de exploração e opressão.
A compreensão do GTO Montevideo de que se trata de um trabalho em processo, que foi engajado numa campanha vitoriosa, é um exemplo muito interessante de como um coletivo de teatro político adquire experiência no compasso da luta. Para nós, de coletivos de teatro político de outros países, envoltos em tantos temas polêmicos e com ameaça de regressão em tantos debates de cunho econômico, político e cultural, notar como um coletivo de teatro uruguaio teve o faro para perseguir a luta, e utilizou seus recursos de trabalho para dar combate ao problema, pode ser altamente inspirador.

Brasília, 18 de maio de 2015.
Rafael Villas Bôas
Coletivo Terra em Cena e Residência Agrária da Universidade de Brasília (UnB)


*** A participação na atividade do 4º Óprima foi viabilizada com financiamento do projeto 406657/2012-2 projeto Residência Agrária da UnB: matrizes produtivas da vida no campo, com recursos do Pronera(Incra/MDA) e CNPQ. E terá como contrapartida da articulação a vinda de grupos e assessores que participaram do 4º Óprima para o II Seminário Internacional Teatro e Sociedade, de 03 a 06 de agosto de 2015, como atividade constituinte da última etapa de Tempo Universidade do Residência Agrária da UnB.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

Trabalho interdisciplinar do campus de Planaltina, da UnB



Para conhecimento do esforço interdisciplinar que o campus de Planaltina, da UnB, tem empreendido, vale assistir ao vídeo de 6 minutos editado pelo professor Marcelo Bizerril, com trechos de apresentação de projetos de pesquisa e extensão, feitas por professores e estudantes de pós e graduação, numa atividade que nominamos como "Socializando experiências", visando o intercâmbio dos processos de trabalho, e as possíveis parcerias daí decorrentes.

Segue o link: https://vimeo.com/112497168 ***

Aparece aí um trecho de apresentação do Residência Agrária da UnB, feito por Luiz Zarref, com participação de Linda e Anabela, e um trecho de apresentação do trabalho do Coletivo Terra em Cena, com apresentação de Linda e Lucinete.

Abraços,

Rafael




*** "Socializando Experiências" foi uma atividade realizada na Faculdade UnB Planaltina (FUP), campus da Universidade de Brasília em Planaltina-DF, organizada pela Comissão FUP sobre a Função Social da Universidade Pública. O vídeo relata a diversidade acadêmica e científica do campus a partir das falas dos participantes e da instalação "Árvore do Conhecimento" (na verdade, um "Pequi do Conhecimento").