INTEGRANTES

O Coletivo Terra em Cena é uma articulação de coletivos de teatro e audiovisual que atuam em comunidades da reforma agrária e quilombolas e em meio urbano. É composto por professores universitários da UnB e da UFPI, e da rede pública do DF, por estudantes das Licenciaturas em Educação do Campo da UnB e da UFPI/Campus de Bom Jesus e por militantes de movimentos sociais do campo e da cidade. O Terra em Cena se configura como programa de extensão da UnB, com projetos de extensão articulados na UnB e na UFPI, e como grupo de pesquisa cadastrado no diretório de grupos do Cnpq. Um dos projetos é a Escola de Teatro Político e Vídeo Popular do DF (ETPVP-DF) que integra a Rede de Escolas de Teatro e Vídeo Político e Popular Nuestra America.

sábado, 4 de novembro de 2023

Vem aí a V Mostra Terra em Cena e na Tela

 





Coletivos se preparam para V Mostra Terra em Cena e na Tela





No ano que o grupo Vozes do Sertão Lutando por Transformação (VSLT), de Cavalcante, faz 10 anos de atuação, também retoma as atividades após o período de isolamento causado pela pandemia da Covid-19. O grupo acumula uma vasta experiência de apresentações e debates com o espetáculo autoral que debate o avanço da mineração no território: “Se há tantas riquezas porque somos tão pobres?”.

Após um período de pausa, recomeçar é sempre uma empreitada que demanda olhar de forma crítica para o caminho percorrido e fazer escolhas de novos rumos que se deseja seguir. O grupo realizou avaliação minuciosa dos trabalhos anteriores e vinha realizando novas leituras. Ana Leda, que integra o grupo, contribui de forma expressiva com sua pesquisa em teatro negro. E levou o texto “Sortilégio”, de Abdias do Nascimento, para o grupo ler e debater.

Neste ano, no mês de novembro, o coletivo Terra em Cena irá realizar a V Mostra Terra em Cena e na Tela. Atividade que reune a rede de coletivos de teatro e audiovisual políticos e populares para debater sobre suas produções. Desta forma, a Mostra mobiliza coletivos e educadoras(es) a se prepararem para novembro trocando experiências entre si. Tornando a Mostra mais que uma atividade pontual, e sim um momento de culminância de encontros de relações que já veem se estabelecendo ao longo de alguns anos.

Nos dias 6 e 7 de setembro, o grupo VSLT recebe Julie Wetzel (Cia Burlesca/ Terra em Cena/ ETPVP-DF/ LATERA) para trocar experiências e refletir sobre os próximos passos do grupo. No primeiro dia de atividade foi impressionante perceber que o VSLT já assistiu a maior parte dos espetáculos da Cia Burlesca, assim como os dois grupos já tiveram diversas experiências em atividades formativas. Isto demonstra a capacidade dos grupos em se manterem em contato e troca para amadurecimento em conjunto pela rede da ETPVP-DF.

Os dez anos de atuação do Coletivo contribui para um alinhamento interno em relação ao desejo de retornarem a dinâmica de apresentações dentro do território quilombola de Cavalcante. Mantendo a tradição do teatro político em informar, formar e organizar o povo. Os temas que precisam ser debatidos em âmbito comunitário a partir da cena teatral já estavam nítidos para o grupo: Mineração, o programa estadual para educação “Goiás Tech”, a demarcação de terras, o turismo predatório, o racismo e o feminismo.

Com jogos teatrais e exercícios de construção de cenas, o grupo conseguiu organizar diversos materiais cênicos em pouco tempo. Um trabalho possível para artistas militantes que estão em constante reflexão e debate sobre as estruturas que os aprisionam e as possíveis dinâmicas que possibilitam a construção de um mundo mais justo. A capacidade que o grupo VSLT tem em contribuir com espaços formativos com a ferramenta teatral de cunho crítico e propositivo é nítida e estimulante. A avaliação geral se alicerça na potencialidade de trocas entre os coletivos para construção de um caminho comum, coletivo e emancipatório. Fazendo entender que apenas desta forma será possível combater as estruturas do capital que avançam para a classe trabalhadora, do campo e da cidade.

E em poucos dias, agora em novembro, diversos coletivos se reunirão na V Mostra Terra em Cena e na Tela que ocorrerá na FUP/UnB e no território quilombola de Cavalcante para debater sobre assuntos da realidade a partir das apresentações teatrais e filmes.

 


 Julie Wetzel

domingo, 13 de agosto de 2023

Oficina de teatro na escola de Diadema e os desafios para formação de novos grupos


              Um dos desafios impostos pela pandemia da Covid-19, somada aos trágicos quatro anos de governo bolsonarista, é retomar de forma coesa, permanente e articulada o trabalho coletivo dos grupos de teatro: a rotina de ensaios, de encontros para estudo, de apresentações, de participação em eventos de formação dos movimentos e sindicatos e atuação nas lutas sociais.

              O Coletivo Terra em Cena, em ação conjunta com a Escola de Teatro Político e Vídeo Popular do DF está tentando refazer os elos da rede de produção e circulação dos grupos, e com esse intuito deve realizar, ainda neste ano, a V Mostra Terra em Cena e na Tela.

            No dia 05 de agosto de 2023 realizamos uma oficina na escola municipal Tia Adesuíta, na comunidade quilombola Kalunga de Diadema, em Teresina de Goiás. Dela participaram estudantes da Licenciatura em Educação do Campo, adolescentes e crianças da comunidade e da vizinha comunidade “Ema” e professoras egressas da LEdoC que atualmente lecionam nas escolas da região.

         A produção da oficina foi realizada por Núbia, bolsista do Terra em Cena pelo projeto “Formação, intercâmbio e circulação em teatro e audiovisual na educação do campo: rumo à V Mostra Terra em Cena e na Tela”, apoiado pelo Decanato de Extensão da UnB. Contamos com o forte apoio da diretora da Escola, Maria Lúcia, egressa da turma quatro da LEdoC “Panteras Negras”. E contamos também com a participação, na coordenação da oficina, de dois integrantes do grupo de teatro de Cavalcante “Vozes do Sertão Lutando por transformação (VSLT)”, Ana Leda e Luan, que também está retomando os encontros e ensaios da peça “Se há tanta riqueza porque somos pobres?”, sobre o impacto da exploração empresarial da mineração no território Kalunga e região.

            O salto de uma oficina para a criação de um grupo é um processo que depende da superação de muitos obstáculos: a dificuldade de encontro das pessoas interessadas em participar do grupo, dada as grandes distâncias a vencer para ir aos ensaios; o êxodo rural que faz com que a juventude que está no ensino médio procure oportunidades de estudo e trabalho nas cidades, o que desmobiliza com frequência os elencos; a conquista do apoio da comunidade, das associações e do poder público para que o grupo consiga o apoio logístico de transporte, alimentação e local para ensaio e guarda dos adereços de cena, figurinos e instrumentos do grupo; o apoio constante de integrantes de outros grupos e de professores, no processo de construção das peças; e a agenda de circulação do grupo com as peças do repertório que o grupo construir.

            Nesse aspecto, vale atentarmos para as estratégias de sobrevivência dos dois grupos de teatro quilombolas Kalunga ligados ao Terra em Cena há mais de dez anos, o Arte Kalunga Matec do Engenho II e o VSLT. Os grupos não têm a cena, o palco, as peças como único fim de suas razões de existência, são espaços de encontro, trocas, articulações, recebem outros grupos, fazem formação, atuam nas atividades do calendário de festas e eventos culturais e políticos da cidade e do quilombo.

          Todavia, a conjuntura nos traz possibilidades de fortalecimento dos laços da ação cultural, política e teatral com as associações, como a Associação Quilombo Kalunga (AQK), atualmente presidida por Carlos Conceição, egresso da LEdoC e mestrando do programa de Povos Tradicionais e Sustentabilidade da UnB (MESPT), fundador do grupo VSLT e um de seus coordenadores e ator do elenco. Outra oportunidade é a presença massiva de egressos da LEdoC no poder público executivo municipal de Cavalcante, com Vilmar Costa, egresso da turma 2 como prefeito, e a chefia de gabinete e diversas secretarias municipais ocupadas por egressas e egressos da LEdoC e também no poder legislativo com uma vereadora e um vereador egressos da LEdoC. No dia 04 de agosto de 2023 nos reunimos na prefeitura para tratar das possibilidades de parceria em ações contínuas de formação, educação popular e organização social. A expectativa é que o Terra em Cena, como grupo de pesquisa e programa de extensão, possa colaborar, conjuntamente com demais equipes de pesquisa e extensão da UnB, e do corpo docente da LEdoC, para que as ações de educação popular e o trabalho de base nas comunidades do território Kalunga se fortaleçam e colaborem para o enfrentamento de desafios cotidianos que ameaçam a qualidade da vida e a educação no território, como o programa da Secretaria de Estadual de Educação de Goiás, o Goiás Tech, e os danos ambientais  causados pelas atividades minerárias e do agronegócio na região.
           
Rafael Litvin Villas Bôas

Professor da LEdoC–UnB e coordenador do Terra em Cena





terça-feira, 13 de junho de 2023

O USO DO MÉTODO DOS PROTOCOLOS NAS DISCIPLINAS DE TEATRO DA LEDOC



Em algumas disciplinas de teatro da Licenciatura em Educação do Campo (LEdoC) da Universidade de Brasília (UnB) adotamos como uma das tarefas do processo avaliativo a produção de protocolos, inspirada em um procedimento brechtiano, de estímulo para que todos os integrantes de um processo de montagem possam escrever reflexões ou pensar por meio de outras linguagens. No caso de Brecht, isso envolvia a rotina de ensaios, e do processo dos protocolos participavam o elenco, a direção e todo o naipe das funções técnicas do aparelho teatral. No caso da LEdoC adaptamos a metodologia para o cotidiano das aulas, de modo que, no início de uma aula, há o espaço para a leitura de protocolos referentes às aulas anteriores. O método nos permite reaquecer intelectualmente o ambiente da sala de aula, com reflexões, considerações, poemas, desenhos, etc, que a turma ou os professores e monitoras trazem de uma aula outra. 

Em chave sintética, os protocolos são sínteses reflexivas que devem considerar alguns dos temas trabalhados na disciplina, podendo explorar aspectos do debate que ocorreu na aula, e os textos indicados para leituras complementares. Quando estamos em processo de montagem os protocolos trazem idéias, propostas de cena, de música para cena, de prólogos ou epílogos, de adereços, de referências, sempre com a reflexão acionada pelo que ocorreu nos ensaios, aulas ou debates anteriores.


 

Relacionamos abaixo alguns exemplos de protocolos.

 

Protocolos da educanda Natália Lorena Barbosa Lima para disciplina Oficina Básica de Artes Cênicas do 1º semestre de 2023.

 

Protocolo 1 

 

Nas aulas de OBAC, estamos analisando e enxergando as artes cênicas sob um outro ponto de vista, sob um viés emancipatório que expõe e critica a realidade, as contradições e coloca os sujeitos comuns, nós, como sujeitos de nossa própria realidade, como protagonistas e personagens desse grande teatro que é a vida. É muito importante conhecermos os princípios do Teatro do Oprimido para nos enxergarmos e vermos o outro como atores e espectadores que fazem e observam – criticamente – a realidade, que são expressivos, capazes de externalizar suas opiniões e de conhecer e analisar criticamente seu contexto.

 Eu, como educadora em construção, já não consigo mais pensar em fazer uma aula de artes maçante, escrevendo os conteúdos de forma mecânica no quadro apenas para os estudantes copiarem. Eu digo isso porque esse foi o tipo de ensino que tive, no qual copiava o texto no caderno e mal lia o que estava escrito, pois era algo chato e que não fazia sentido para mim. Vivi a minha vida vendo as artes como parte dispensável do currículo escolar e da vida... da minha e de outros. Os jogos, as reflexões, os princípios que estamos conhecendo aqui transformam e dão base para repensarmos o tipo de cultura e de educação que queremos conhecer e (re) produzir nas escolas e na vida cotidiana.

 

Protocolo 2 

 

Em nosso dia a dia, a nossa percepção sensorial das linguagens, do corpo, das emoções, às vezes é superficial. Na mesa que assistimos com os professores de artes cênicas da Secretaria de Educação do GDF, o professor Adriano Duarte trouxe a ideia de teatro como experiência sensorial, ao estimular os vários sentidos humanos: o físico, o emocional, o social, histórico, cultural e intelectual.

Em nossa última aula, no dia 27, ficamos observando a Crystal, bebê filha da estudante Rayane, interagir com seu próprio corpo e com o ambiente. Ela ria, gritava, se colocava de cabeça para baixo, experimentava colocar coisas na boca, mexia as mãos, procurava por atenção... quando interagíamos com ela, ela percebia que todas as suas ações provocavam uma reação nas outras pessoas e, quanto mais reação positiva recebia, mais ela se empolgava. Essa espontaneidade e sensibilidade se tornam mais “dormentes” conforme crescemos; aprendemos que rir ou falar alto, gritar, gesticular de forma expansiva não são coisas educadas, e as nossas formas de expressão passam a se apoiar mais na fala e menos no corpo como um todo. A questão é que o ser humano é corpo, sensações, percepções, é voz, mente e mundo. 



segunda-feira, 8 de maio de 2023

LABORATÓRIO DE TEATRO E REFORMA AGRÁRIA - LATERA


 O Laboratório de Teatro e Reforma Agrária (LATERA) é um espaço deste tempo histórico, de acúmulo do passado e de construção de um futuro. A Escola de Teatro Político e Vídeo Popular do DF (ETPVP/DF) iniciou as atividades do Laboratório no dia 29 de março de 2023, resultado do desejo de alimentar um coletivo constantemente com o debate e a pesquisa sobre o teatro político.

O último período foi marcado pelo distanciamento de pessoas entre si e pela destruição de direitos da classe trabalhadora. O governo fascista que estava no poder agravou cruelmente a pandemia causada pelo vírus da COVID-19. Combinação que custou vidas do povo brasileiro, levando o Brasil de volta para o mapa da fome e registrando mais de 700 mil óbitos. O trabalho para reverter o que foi vivido nos últimos seis anos de destruição de políticas públicas, desmantelamento das instituições e destruição da natureza será imenso. E o trabalho para derrotar o fascismo nas ruas e transformar a cultura política do nosso povo é imensurável.

O embrião do Laboratório surge no período da campanha eleitoral para presidente da república. A esquerda brasileira estava empenhada em colocar para o passado esta página da história o mais breve possível. Mas foi só no segundo turno, com 50,90%, que Luiz Inácio Lula da Silva se tornou presidente do país. A ETPVP/DF esteve nas ruas e contribuiu para esta vitória. Enquanto construíam cena, iam para feiras, faziam reuniões e voltavam para a rua com diálogos de vira voto, conversavam sobre o Laboratório. Foi na pressão da campanha que experimentamos as primeiras ideias do que seria este espaço fixo.

Em março de 2023, o primeiro dia do Laboratório de Teatro e Reforma Agrária aconteceu no mezanino da AdUnB - Associação dos Docentes da Universidade de Brasília. Com mística de abertura e falas do Prof. Rafael Villas Bôas, Profª. Clarice Aparecida dos Santos, da mestranda Julie Wetzel e da militante Cíntia Isla. E com a presença de militantes do MST, Levante Popular da Juventude, MPA, Cia Burlesca, estudantes e professores da UnB.

O LATERA já iniciou suas atividades com a tarefa de elaborar a mística de abertura da 10ª Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária - JURA. Para o preparo desta tarefa o primeiro encontro foi dividido entre: o histórico do teatro político e a atuação da ETPVP; o histórico e propósitos da JURA; a proposta do LATERA; e, os princípios e conceitos para a construção da mística. Seguido de mais dois encontros, o primeiro ciclo do Laboratório foi dedicado exclusivamente para esta primeira tarefa. A turma de Oficina Básica de Artes Cênicas (OBAC) da FUP/UnB também participou da construção e apresentação da mística. União que trouxe mais olhares e camadas para a discussão e o aprendizado sobre a Reforma Agrária Popular.

No dia 17 de abril, dia nacional de Luta pela Terra, o LATERA inicia seus trabalhos em público com a mística de abertura da 10ª JURA. O palco do auditório Augusto Boal na FUP/UnB foi preenchido com 14 militantes artistas que contaram a história do massacre de Eldorado dos Carajás e ergueram bandeiras em defesa da Reforma Agrária Popular. Um primeiro ciclo potente, que deu a linha política e estética para o Laboratório. 

Por Terra, Trabalho e Justiça!

A leitura crítica da atualidade, a tradução dos conhecimentos para a linguagem do teatro e a divulgação do Projeto Popular para o Brasil em diversos espaços do campo e da cidade, são propósitos estruturantes do LATERA. É a partir do estudo cotidiano de teoria e prática do teatro político, e o aprimoramento das lutas antirracista e anti-machista, que o grupo se coloca em prontidão para derrotar o fascismo que ainda se encontra entranhado nas instituições e na sociedade brasileira.  Ao passo que o cenário político se mostra, o grupo se mantém em movimento para construir o futuro que a classe trabalhadora merece.

Rumo à Reforma Agrária Popular para a construção de novos sonhos!

Avante, avante. Teatro militante!

Avante, avante. Na luta a todo instante!

Julie Wetzel e Kamilla Torres


Assistam o vídeo 

realizado pelo Brasil de Fato. 




segunda-feira, 24 de abril de 2023

Socialização de artigo publicado na Revista Cena - "70 anos da Frente de Trabalhadores da Cultura de Nuestra América


Prezad@s colegas, companheiras e companheiros dos movimentos do campo e da cidade, e de coletivos que integram a Rede de escolas de teatro e vídeo político e popular Nuestra América, 

Informamos que no número atual da Revista Cena consta um ensaio de nossa autoria que é parte provisória da pesquisa de doutorado de Simone. 

O título do artigo é "70 anos da Frente de Trabalhadores da Cultura de Nuestra America: experiência de organização de trabalhadores da cultura e o vínculo com a contemporânea Rede de Escolas de Teatro e Vídeo Político Popular Nuestra América"

O trabalho analisa, em perspectiva histórica, o significado e o legado da Frente de Trabalhadores da Cultura de Nuestra America, que reuniu artistas e coletivos latino-americanos entre os anos de 1972 e 1974. A reflexão sobre a Frente, 70 anos depois de seu início, é balizada pelo contexto em que se fazia presente no ambiente intelectual, político, cultural e econômico a consciência do subdesenvolvimento, como chave de interpretação da estrutura de dependência e subordinação ao centro, presente nos países da periferia do capitalismo, à luz da Dialética da Dependência. O artigo reflete o papel da cultura nos processos de transformação social e de organização para resistência aos golpes e implementação do ciclo de ditaduras na América Latina. Por fim, identifica limites e potencialidades que a experiência em análise aponta para os desafios presentes no campo da cultura política contra hegemônica, em especial do teatro político e popular, e apresenta a Rede de Escolas de Teatro e Vídeo Político e Popular Nuestra America como legado da experiência de organização e resistência decorrente da Frente Nuestra América da década de 1970.

O artigo se encontra disponível nos links:

Abraços,
Simone Rosa e Rafael Villas Bôas.




Participem! Programação dos 15 anos da Licenciatura em Educação do Campo da Universidade de Brasília









Mesa com professores da Secretaria de Educação do DF debateu experiências de ensino de teatro na escola


No dia 20 de abril de 2023 a disciplina Oficina Básica de Artes Cênicas, da Licenciatura em Educação do Campo da UnB, recebeu no campus de Planaltina três professores da Secretaria de Educação do Distrito Federal, Melissa Naves, Adriano Duarte e João Batista, para uma mesa sobre o ensino de teatro na escola. Em comum, os três têm em seus processos de formação o Mestrado Profissional em Artes. Melissa e Adriano defenderam dissertações de mestrado sobre experiências que desenvolveram, de formação de grupos teatrais nas escolas em que atuam, respectivamente, a Escola Parque Anísio Teixeira (EPAT), situada em Ceilândia, e o Centro de Ensino Fundamental 316, de Santa Maria. João Batista está cursando atualmente o mestrado no Profartes e sistematiza a experiência de ensino de quase três décadas de trabalho teatral na sala de aula.

Das ricas experiências compartilhadas podemos extrair alguns elementos para a reflexão que desenvolvemos no Terra em Cena sobre o trabalho teatral em escolas e comunidades, a saber:

                        – a compreensão que o espaço do trabalho com teatro na escola não precisa se restringir ao ambiente da sala de aula, ou seja, pode se expandir para toda a escola, e nos territórios camponeses e quilombolas, pode se alargar para a comunidade;

                        – as possibilidades de interface entre o trabalho teatral com outras linguagens artísticas, seja como ponto de partida como a montagem de obras literárias de diversos gêneros, seja como parte do processo de montagem, como a música, o audiovisual e as artes visuais;

                        – o teatro como arte sensorial: a importância do processo de estimulação dos sentidos direcionados para a formação estética dos estudantes, como recursos não apenas direcionados para a construção de peças, mas por meio de exercícios, jogos e vivências em espaços fechados ou abertos em que os cinco sentidos humanos possam ser estimulados;

                        – a necessidade do teatro reconhecer a história da comunidade, da escola, do território, e dialogar com as questões desses espaços, buscando fortalecer a conexão com as pessoas e comunidades;

                        – a conexão com a realidade: o teatro precisa estar atento aos temas da conjuntura, e pode dialogar com eles estabelecendo elementos de mediação entre ficção e realidade, seja nos exercícios de laboratório, seja na construção de cenas e peças.

            Essa iniciativa de aproximação de professores que trabalham com processos coletivos nas escolas faz parte da estratégia do Terra em Cena de fortalecer uma rede de produção e circulação dos trabalhos teatrais de coletivos. Em breve deveremos receber no teatro Augusto Boal, da FUP, as novas montagens dos grupos coordenados pelos três professores que recebemos para o debate sobre ensino de teatro nas escolas.

Rafael L. Villas Bôas

Professora Melissa Naves e Professor Adriano Duarte


 professor João Batista
                                                   
 Professora Melissa Naves
                                                       

 

terça-feira, 18 de abril de 2023

‘Uma década de experiência coletiva’: 10ª JURA é lançada na UnB

Por Camila Araujo
Da Página do MST

A 10ª Jornada Universitária por Reforma Agrária (JURA) foi lançada nesta segunda-feira (17), às 17h, no auditório Augusto Boal do campus Planaltina da Universidade de Brasília com uma mística e uma mesa de abertura em nível nacional.

O evento é realizado em universidades brasileiras para agregar áreas de conhecimento diversas e atividades como feiras, lançamentos de livros, debates e vivências para pautar a reforma agrária, como explicou o professor Luis Antônio Pasquetti, da UnB de Planaltina, um dos organizadores do evento. 

É fundamental que os professores e estudantes das 70 universidades do Brasil e as que estão no exterior participem das atividades porque a questão agrária não está resolvida no Brasil”, disse Pasquetti, que mediou a mesa na UnB. 

Parte da agenda de lutas do Abril Vermelho pela memória aos Mártires do Massacre em Eldorado do Carajás, a JURA acompanha ainda uma outra inciativa do movimento: a Jornada Nacional de Luta pela Terra e pela Reforma Agrária, sob o lema “Contra a fome e a escravidão: por Terra, Democracia e Meio Ambiente!”. 


Continuar lendo: https://mst.org.br/2023/04/18/uma-decada-de-experiencia-coletiva-10a-jura-e-lancada-na-unb/

 

terça-feira, 11 de abril de 2023

Terra em Cena participa de projeto de formação e alfabetização com UnB em Belém, em parceria com a UFPA e a Secretaria Municipal de Educação



Entre os dias 10 e 13 de abril os integrantes da coordenação operativa do Terra em Cena Felipe Canova Gonçalves, Rafael Villas Bôas e Adriana Gomes participaram, em Belém (PA), de atividades formativas do projeto de pesquisa “Esperançar na Formação Docente: Arte e cultura como elemento motriz para transformação escolar em Parceria com o Projeto da Prefeitura de Belém Esperançar na Formação Docente – Construindo Escolas humanizadoras e transformadoras” coordenados pela professora da Universidade Federal do Pará (UFPA) Márcia Bittencourt Brito e pela professora da Universidade de Brasília (UnB) Mônica Castagna Molina.

 

Cultura como Matriz Formativa

 

A primeira atividade foi um debate no campus da UFPA, na tarde do dia 10 de abril, sobre o tema “A cultura como matriz formativa” em que o conceito de cultura foi debatido na perspectiva da formação omnilateral, enquanto direito fundamental do processo de formação estética dos sentidos humanos, sendo a escola um dos espaços fundamentais para o trabalho com arte e cultura. Experiências históricas que envolveram articulações produtivas entre as esferas da cultura, economia e política foram recuperadas, como o trabalho artístico e pedagógico desenvolvido nas primeiras décadas da revolução soviética, o trabalho  coletivo do muralismo decorrente da revolução mexicana, e posteriormente desenvolvido pelas brigadas muralistas chilenas, o trabalho com Teatro do Oprimido de Augusto Boal desenvolvido como ato de resistência popular ao ciclo de ditaduras latino-americanas, e o legado desses processos que permanece latente em experiências pedagógicas como o trabalho da área de Linguagens da Licenciatura em Educação do Campo da UnB, cujo projeto político e pedagógico foi forjado, em grande parte, inspirado no trabalho de cultura e comunicação desenvolvimento pelos movimentos sociais do campo, principalmente pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, por meio das brigadas de teatro, de audiovisual, artes plásticas, e das frentes de literatura e música.

O Núcleo de Arte, Cultura e Educação da Secretaria Municipal de Educação de Belém compartilhou a maneira como a equipe tem desenvolvido os trabalhos artísticos e culturais nas escolas da capital do Pará.

Chamou a atenção dos integrantes do Terra em Cena a qualidade e extensão do debate sobre o tema da cultura como matriz formativa, bem como o fato do interesse pelo assunto ser aplicado ao trabalho concreto em desenvolvimento na capital paraense, em que as 203 escolas municipais são envolvidas pelo processo de formação em andamento.

 

Fotos da Oficina de Teatro do Oprimido no Centro de Formação de Educadores Paulo Freire






quinta-feira, 6 de abril de 2023

Princípios básicos de atuação teatral

 Oficina de Wellington Oliveira


O professor Wellington Oliveira, coordenador do grupo Ateliê Aberto, professor de artes cênicas da Escola Pública de Altas Habilidades de Planaltina e integrante da coordenação da Escola de Teatro Político e Vídeo Popular de Brasília (ETPVP-DF) esteve na FUP para oficina com a turma de Oficina Básica de Artes Cênicas (OBAC), no dia 04 de abril de 2023, para compartilhar o trabalho que tem desenvolvido no ensino de princípios básicos da atuação teatral.

            Wellington mescla com eficácia em seu trabalho técnicas e exercícios do Teatro em Comunidades e do Teatro do Oprimido, proporcionando aos participantes uma experiência de reconhecimento de seus vínculos afetivos e políticos com comunidades e territórios, a partir de estímulos de associação a partir da memória individual e coletiva.

            Outra dimensão do trabalho é a compreensão das formas de atuação a partir de exercícios de triangulação em cena e com o público, associados ao exercício de planos/focos de atuação em cena, que podem se alternar, se justapor, etc. As técnicas propostas podem funcionar bem, também, como exercícios de introdução à Linguagem Audiovisual, vinculadas à interpretação, na medida em que noções de plano, enquadramento e montagem podem ser associadas aos exercícios.





sábado, 18 de março de 2023

Divulgação do resultado da seleção de bolsas para o projeto de extensão “Formação, intercâmbio e circulação em Teatro e Audiovisual na Educação do Campo: rumo à V Mostra Terra em Cena e na Tela”

A coordenação do programa de extensão e grupo de pesquisa Terra em Cena agradece pela inscrição das e dos seis estudantes da FUP, dos cursos LEdoC, GAM e Geagro, que demonstraram interesse em pleitear as bolsas do projeto de extensão “Formação, intercâmbio e circulação em Teatro e Audiovisual na Educação do Campo: rumo à V Mostra Terra em Cena e na Tela”.

Abaixo divulgamos o resultado do processo seletivo, informando que os quatro nomes abaixo das duas candidatas selecionadas para receber as bolsas permanecerão em nosso cadastro de reserva e ficam convidadas e convidados para, igualmente, se somar nas atividades do Terra em Cena que desenvolveremos em 2023:

 

Candidata(o) / matrícula

Média Final

Resultado

180094513

9,5

aprovada

200047469

9,5

aprovada

180094874

9,0

1ª no cadastro de reserva

180004671

8,0

2ª no cadastro de reserva

170156265

7,0

3º no cadastro de reserva

200062506

5,0

4º no cadastro de reserva