INTEGRANTES

O Coletivo Terra em Cena é uma articulação de coletivos de teatro e audiovisual que atuam em comunidades da reforma agrária e quilombolas e em meio urbano. É composto por professores universitários da UnB e da UFPI, e da rede pública do DF, por estudantes das Licenciaturas em Educação do Campo da UnB e da UFPI/Campus de Bom Jesus e por militantes de movimentos sociais do campo e da cidade. O Terra em Cena se configura como programa de extensão da UnB, com projetos de extensão articulados na UnB e na UFPI, e como grupo de pesquisa cadastrado no diretório de grupos do Cnpq. Um dos projetos é a Escola de Teatro Político e Vídeo Popular do DF (ETPVP-DF) que integra a Rede de Escolas de Teatro e Vídeo Político e Popular Nuestra America.

quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Escola de Teatro Político e Vídeo Popular completa um ano de construção em rede no Distrito Federal



No dia 23 de agosto de 2018 a Escola de Teatro Político e Vídeo Popular do Distrito Federal (ETPVP-DF) completou seu primeiro ano de funcionamento. A escola integra a Rede Latinoamericana de Teatro e Vídeo Político Popular Nuestra América, uma articulação de movimentos sociais, coletivos de teatro e vídeo político popular e grupos de pesquisa, que se reuniu para construir processos formativos permanentes e interligados, pautados pela dimensão da práxis enquanto método e filosofia.
Atualmente estão em funcionamento a Escola de Teatro Político de Buenos Aires, a Escola de Teatro Popular do Rio de Janeiro, a nossa escola do DF e mais duas escolas em processo de construção: a Escola de Teatro Político de Florianópolis (Estepo) e a escola de São Paulo.
A ETPVP-DF está sediada na Casa da América Latina da UnB, no Setor Comercial Sul de Brasília, próxima a rodoviária do plano piloto e do metrô, para facilitar o acesso dos participantes da escola, que na primeira turma têm representantes de nove, das trinta regiões administrativas, do Distrito Federal. A construção da turma partiu da estratégia de tecitura de uma rede de produção e circulação do teatro político e vídeo popular que englobe escolas públicas, casas de cultura, espaços de movimentos sociais e campi de universidades públicas. Temos, na primeira turma, professores da rede pública de ensino do DF, militantes de movimentos sociais urbanos e rurais, como o Levante Popular da Juventude e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), integrantes de casas de cultura de diversas regiões administrativas do DF e estudantes de ensino médio e superior.
Desde o primeiro módulo foi decidido pela turma, em conjunto com a coordenação político pedagógica da escola, que os temas centrais da pesquisa estética e política que a primeira turma faria no decorrer dos três módulos seria a articulação entre os eixos fascimo-racismo-patriarcado e as formas de luta contra essa estrutura de poder crescente no Brasil.
Como método de trabalho o processo é mais importante que o produto final: temos experimentado técnicas teatrais, desde as formas e métodos do Teatro do Oprimido ao Teatro Dialético. Estamos vendo e debatendo trabalhos de vídeo popular e filmes de diversos cinestas e períodos históricos, e iniciamos nossos experimentos de produção audiovisual.
Na comemoração de um ano da escola apresentamos uma leitura dramática encenada da  peça de agitprop Scotboorodo Proletbuhne, uma ação de protesto contra o racismo, a partir da denuncia do caso de nove jovens negros americanos acusados de assaltar duas mulheres brancas. O intuito da acusação era a pena de morte para todos, a despeito da ausência de provas e da desproporção da pena para uma acusação de assalto. 
A peça foi apresentada no período (1935) por muitos coletivos de teatro político, como intervenção que precedia a apresentação dos trabalhos dos grupos, como gesto de solidariedade à luta anti-racista. Acreditamos que esse tipo de ação coletiva pode ser recuperada como prática política pela Rede de Escolas de Teatro e Vídeo político popular Nuestra América. A ETPVP-DF produziu, em laboratório, uma versão adaptada da dramaturgia da peça para assimilarmos a questão do racismo estrutural brasileiro e o genocídio da população joven negra do país. 
Foram exibidos, também, dois vídeos de intervenção realizadas pela primeira turma da escola. Uma ação de teatro de agitprop realizada no salão verde do Congresso Nacional, no momento em que seria pautada na Câmara dos Deputados a questão da Reforma da Previdência, em dezembro de 2017. E uma ação em conjunto com uma brigada de agitprop dos movimentos sociais no Tribunal Superior Eleitoral, em julho de 2018, para denunciar a arbitrariedade do poder judiciário brasileiro com as manobras para o impedimento do registro da candidatura do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva à presidencia da república.
O vídeo da intervenção no TSE é fruto dos momentos de estudo e laboratório da relação entre as linguagens do teatro e do audiovisual. Nesse caso, a filmagem foi estudada como um elemento da intervenção, com os movimentos das câmeras sendo integrado ao movimento dos atores, fornecendo pontos de vista mais próximos dos pontos de vista dos personagens, buscando estranhar o padrão de enquadramento dos telejornais brasileiros.
A ETPVP-DF se tornou, durante seu primeiro ano de vida, um espaço de formação estética e política, com a maioria de seus debates abertos para toda a comunidade, um espaço de recuperação de métodos e formas desenvolvidas em tempos tão ou mais difíceis que o nosso, e que na conjuntura atual, voltam a ser demandados para fortalecer a resistência contra a ampla gama de retrocessos impostos às esferas da política, da economia e da cultura.

Coordenação da ETPVP-DF
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