Contra
quê? Contra quem? é uma peça que intercala cenas de agitação e
propaganda e de Teatro Fórum, construída coletivamente, a partir da pesquisa do
grupo a respeito da luta dos movimentos sociais do campo e do intenso debate e
estudo gerado pela peça Mutirão em Novo Sol, adaptando dessa
obra uma cena de assembleia de trabalhador@s camponês@s:
Contra quê
lutamos? Contra quem lutamos? Continuamos vivendo a escravidão, a
superexploração do trabalho e a concentração da terra, mas, se hoje as novas
formas do capitalismo trouxeram-nos novos inimigos e novas formas de exploração,
contra elas são necessárias novas formas de ação. Na peça Mutirão em Novo Sol, a luta é contra o latifúndio. Hoje, contra o
desenvolvimento social e sustentável de nosso país, somam-se ao latifúndio o
agronegócio, as grandes transnacionais. Faz-se então necessário pautar também os
temas da reivindicação por alimentos saudáveis, a preservação do meio ambiente
e a luta contra o agronegócio.
“Agora nessa etapa, a luta de classes no campo se dá entre, de um lado
os latifundiários atrasados mais os fazendeiros capitalistas modernos, os
bancos e as empresas transnacionais, todos eles, contra os interesses dos
camponeses, dos trabalhadores rurais e assalariados” (Cadernos de Debates 1 – O Desafio da Luta pela Reforma Agrária,
2009, p. 16).
“Agora a questão agrária também
está diretamente relacionada com os trabalhadores que moram na cidade e com as
classes médias. Pois a forma do agronegócio produzir agride o meio ambiente,
produz apenas alimentos contaminados, provoca êxodo rural e o aumento das
favelas, afeta o clima e as condições de vida de todo mundo” (op. cit., p. 17).
Apesar da
estrutura da peça Contra quê? Contra quem? não estar ainda finalizada, dela
apresentar problemas de forma, de dramaturgia, sobretudo na cena 2, do trabalho
de base na periferia, o nível de intervenção das plenárias no momento do teatro
fórum tem nos surpreendido. Desde o 2º semestre do ano passado o coletivo
apresentou a peça na FUP/UnB, no campus Darcy Ribeiro/UnB, nos assentamentos
Vale da Esperança, Virgilândia, no Acampamento 08 de Março, na ENFF DF. A cena
“É uma questão de ordem”, do conflito entre fiscais e agricultores familiares,
em disputa pelo espaço da feira na cidade, rende intervenções calorosas, e
provoca discussões sobre a forma de produção e distribuição da agricultura
familiar, e sobre a maneira como os agricultores familiares estão organizados
ou podem se organizar frente ao modo de produção da agricultura de larga
escala, pautada pelo monocultivo, financiada pelo capital transnacional, e pelo
capital financeiro por meio dos governos brasileiros, cerne do modelo do
agronegócio.
Coletivo TERRAemCENA
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