INTEGRANTES

O Coletivo Terra em Cena é uma articulação de coletivos de teatro e audiovisual que atuam em comunidades da reforma agrária e quilombolas e em meio urbano. É composto por professores universitários da UnB e da UFPI, e da rede pública do DF, por estudantes das Licenciaturas em Educação do Campo da UnB e da UFPI/Campus de Bom Jesus e por militantes de movimentos sociais do campo e da cidade. O Terra em Cena se configura como programa de extensão da UnB, com projetos de extensão articulados na UnB e na UFPI, e como grupo de pesquisa cadastrado no diretório de grupos do Cnpq. Um dos projetos é a Escola de Teatro Político e Vídeo Popular do DF (ETPVP-DF) que integra a Rede de Escolas de Teatro e Vídeo Político e Popular Nuestra America.

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

VI Mostra Terra em Cena e na Tela



 Nos dias 26 e 27 de outubro de 2024 acontecerá a 6° edição da Mostra Terra em Cena e na Tela. Pela primeira vez a Mostra será realizada na cidade de Cavalcante - GO. Nessa edição a Mostra conta com a parceria do programa de formação continuada de professores "Escola da Terra" que em sua terceira edição promove intercâmbios entre professores/as da educação básica e pública do Distrito Federal e das comunidades quilombolas Kalunga.

Nesse sentido, a VI Mostra visa promover o intercâmbio entre os coletivos de teatro e audiovisual da rede do Terra em Cena, da Licenciatura em Educação do Campo da Universidade de Brasília e cursistas do programa Escola da Terra, bem como, fortalecer o vínculo com Cavalcante e o território Kalunga.

Por isso, a programação da VI Mostra foi pensada levando em consideração os trabalhos que dialogam com as questões relevantes ao território das escolas do campo e das comunidades quilombolas.

Confira a programação:






segunda-feira, 14 de outubro de 2024

Terra em Cena apoia a candidatura da chapa 2 "Movimenta FUP"


O programa de extensão e grupo de pesquisa Terra em Cena manifesta seu apoio à candidatura da Chapa 2 “Movimenta FUP”, liderada pelas professoras Eliene Novaes e Flávia Nogueira. Como coletivo de grupos formados com estudantes da FUP de territórios quilombolas, camponesas e de zonas periféricas urbanas acreditamos que o potencial de articulação do campus de Planaltina da UnB poderá ser dinamizado pela gestão das professoras Eliene Novaes e Flávia Nogueira na medida em que ambas agregam experiências convergentes de atuação como professoras, pesquisadoras, extensionistas e gestoras capazes de ampliar as frentes de diálogo e parcerias com organizações da sociedade civil, com orgãos do governo federal e distrital. Situada em uma das cidades mais antigas do Distrito Federal, a FUP pode e deve dialogar de forma mais frequente e articulada com os movimentos culturais da cidade de Planaltina, recebendo artistas, mostras, exposições, peças, filmes, e participando da vida das escolas das cidades da RIDE divulgando seus cursos, compartilhando suas produções culturais e científicas. Além disso, acreditamos que a chapa "Movimenta FUP" apresenta em seu programa o planejamento necessário para que nosso campus se articule em nível local, regional, nacional e internacional, sediando eventos de médio e grande porte, recebendo pesquisadores e artistas em intercâmbio e residência artística, e com isso se enraizando na vida cultural e política de Planaltina e do conjunto do Distrito Federal e da RIDE, compreendendo nela as cidades do arco da Chapada dos Veadeiros e do território Quilombola Kalunga. 



quarta-feira, 9 de outubro de 2024

Protocolo sobre “A aurora” – mais recente peça da companhia Cia Burlesca

 Aurora de mil de colores
Anúncio de revolução
Dos que socializam os meios de produção
E resistem aos dissabores
Desta Latina América fragmentada por ditadores
Lutam Claras, Paulos e Anitas
Pela missão infinita
 Da leitura da palavra e do mundo
Semeiam em chão fecundo
A insígnia que na bandeira agita
(Décima da Aurora latino-americana)

O mais recente trabalho da Cia Burlesca, chamado “A aurora”, encerrou no dia 06 de outubro de 2024 seu primeiro conjunto de apresentações por espaços culturais de cunho popular do Distrito Federal e escolas públicas que ofertam Educação de Jovens e Adultos (EJA).

O trabalho parte do livro “A revolução de Anita” lançado pela editora Expressão Popular que relata a experiência da campanha de alfabetização levada a cabo pelo governo revolucionário de Cuba entre os anos de 1959 e 1961. O método chamado “Sim, eu posso!” foi constituído por brigadas de jovens alfabetizadores que estiveram em todos os rincões do país alfabetizando crianças, jovens e adultos. Com esta campanha conseguiram o feito de erradicar o analfabetismo no país em apenas dois anos.

A peça que é o primeiro trabalho solo da atriz Julie Wetzel, que foi dirigida por suas companheiras de companhia Lyvian Sena e Patrícia Barros, aborda o núcleo duro da experiência cubana: o direito à educação como cerne para emancipação e soberania popular. De maneira épica e dialética constroem o argumento não pela sobreposição linear dos fatos, e sim pelo circularidade da relação entre passado e presente que mobilizam a possibilidade de construção de futuro como matéria factível de ação.

A primeira intervenção da atriz provoca a plateia a projetar, pensar o futuro, a sonhar o seu local no mundo não na lógica do capital, da rentabilidade, mas pela ordem do desejo, do que mobiliza e dá sentido à existência. Ao que pude reparar à minha volta a pergunta simples: “Qual profissão vocês gostariam de exercer, sem considerar os desafios, em um plano ideal, o que gostariam de fazer?” nos provocou a refletir e confrontar a nossa expectativa e realidade. A partir dessa mobilização a peça se desenrola.

Podemos interpretar essa como uma pergunta geradora? Acredito que sim, pois a peça gira em torno de outras perguntas, algumas explicitas na dramaturgia e outras implícitas no argumento. A minha preferida é: por que Cuba erradicou o analfabetismo e nós, brasileiros, ainda em 2024 contamos com nove milhões de analfabetos? Cito aqui a comparação que Rafael Villas Bôas teceu para termos um parâmetro: Estamos falando de três vezes a população do Uruguai. (Ver https://www.brasildefatodf.com.br/2024/09/19/a-aurora-novo-espetaculo-da-cia-burlesca-aborda-em-chave-epica-o-tema-da-educacao-de-ontem-e-hoje)

A peça responde trazendo a experiência coletiva do Movimento Popular de Cultura (MCP) realizada em Pernambuco durante os anos de 1950 e 1960 da qual Paulo Freire é uma das maiores expoentes. Experiência interrompida pela golpe militar de 1964 que rompe com o processo crescente de aliança de classes e transferência dos meios de produção de linguagens, seja ela a linguagem verbal, teatral ou mesmo do audiovisual. O que está colocado e fica explicito no argumento da peça é que a existe uma interdição arbitrária e violenta da comunicação. A comunicação é o eixo de disputa, tanto para processo de emancipação por meio da socialização dos meios de produção, como para processo de interdição de discursos para manutenção de status quo.

“A aurora” nos leva a repensar o sentido de revolução e contrarrevolução a partir tensão entre projetos de socialização e privatização dos meios de comunicação. Meios de comunicação entendidos não de maneira reduzida como coube a semântica mais ordinária, mas no entendimento mais amplo: aulas, teatros, Artes visuais e de audiovisual e tantas outras formas de expressão são, nesse sentido, meios de comunicação.

Sendo assim, somos capazes de construir em conjunto com o argumento da peça que articula experiências de dois países, Cuba e Brasil, e que compõe um painel simbólico com músicas, poemas, figurinos e cenografias latino-americanos que essa é uma peça internacionalista que identifica um problema estrutural do sistema: o analfabetismo como alicerce das desigualdades e como barreira para formação de massa crítica.

A emergência do debate trazido pela obra se traduz no outro acontecimento paralelo à apresentação da peça. Nós, brasilienses, diferente dos moradores demais munícipios brasileiros, acompanhávamos como expectadores o crescente número de prefeitos e vereadores de extrema direita sendo eleitos neste domingo. A maior cidade da América Latina, São Paulo, levou para o segundo turno o atual prefeito com declarada plataforma ligada ao projeto da extrema direita e o projeto civilizatório defendido por Guilherme Boulos, tendo como terceiro candidato mais votado Pablo Marçal, que rompeu, ao longo da campanha, até mesmo com os pactos democráticos mais essenciais. O que a conjuntura nos aponta é para emergência da disputa das ideias, para necessidade de construir estratégias que dialoguem e desmonte a ordem radicalizada do capital em crise que vivemos na atualidade.

Nesse sentido, trabalhos como “A aurora” são não somente um deleite mas uma urgência. Que esta temporada que se encerra de apresentações seja apenas a primeira de tantas outras, que “A aurora” circule pelos rincões do brasil e do nosso território latino-americano à luz das brigadas de outrora, acendendo centelhas de luta pelo direito fundamental de ler, escrever, interpretar e transformar a realidade.

Simone Rosa





A Aurora: novo espetáculo da Cia Burlesca aborda, em chave épica, o tema da educação, de ontem e hoje

 Por mais de uma hora a atriz Julie Wetzel, dirigida por Patrícia Barros e Lyvian Sena, todas integrantes da Cia Burlesca, ocupa o palco representando personagens de diversos tempos históricos que têm como elo o tema da educação, mais especificamente da educação de jovens e adultos e da erradicação do analfabetismo, em dois países latino-americanos, Brasil e Cuba.

 A primeira cena se passa no Brasil: a atriz manuseia os classificados de jornal, aquilo que até tempo recente era um caderno cheio de páginas, de anúncios de compra e venda de todo tipo de mercadoria, de serviço, oferta de emprego... O tempo passou, o fluxo de anúncios foi para as redes sociais, para a internet, jornais e revistas impressas hoje são a parte residual do mercado de notícias. A tecnologia avançou mas com ela não nos livramos da chaga do analfabetismo: os espectadores são informados que ainda temos nove milhões de brasileiros fora do ensino médio. Para termos um parâmetro de referência estamos falando de três vezes a população de nosso vizinho Uruguai, com escolarização incompleta.

 Na segunda cena somos remetidos para 1961: terceiro ano da Revolução Cubana, iniciada em 01 de janeiro de 1959. É o ano da Educação, momento em que o governo decide convocar a juventude, educadores, as universidades, para erradicar o analfabetismo. O Estado organizou e formou brigadas de alfabetização. A cidade paradisíaca de Varadero, com seus hotéis e toda estrutura de turismo, foi mobilizada para acolher as brigadas em formação e garantir a logística do grande exército de alfabetizadores.

 O fluxo de informações é narrado pela atriz e interpretado pela personagem de uma brigadista. Julie Wetzel consegue, com os adereços e figurino que mobiliza em cena, pela forma como narra e se relaciona co dem os objetos, com o público e com as memórias, inspiradas no livro “A Revolução de Anita”, de Shirley Langer, envolver e comover os espectadores com o clima de uma campanha nacional convocada por um governo revolucionário para por fim a uma das marcas do subdesenvolvimento das ex-colônias, o analfabetismo.

 Na terceira cena voltamos ao Brasil de 1964, momento em que a educação popular e a luta para alfabetizar e organizar a classe trabalhadora era encampada por movimentos como o Movimento de Cultura Popular (MCP), que tinha como um dos educadores Paulo Freire que, posteriormente, sistematiza a proposta com o nome que se tornou famoso de “Pedagogia do Oprimido”.

Os ventos da Revolução Cubana chegaram em outros países como inspiração da possibilidade de insurgência contra o imperialismo, e o Brasil não ficou de fora: o chão histórico do contexto pré-golpe foi marcado pelo aumento exponencial de movimentos populares e sindicais organizados, pelo aumento das greves, pela construção da plataforma programática das reformas de base, em que as reformas agrárias e universitária eram duas das principais promessas de transformação. Em 21 de janeiro de 1964 o presidente João Goulart assinou o decreto do Programa Nacional de Alfabetização (nº 53.465) que institui o sistema Paulo Freire para alfabetizar a população brasileira, e apresenta na parte inicial três considerações que cabe destacar:

“CONSIDERANDO a necessidade de um esforço nacional concentrado para eliminação do analfabetismo;

CONSIDERANDO que os esforços até agora realizados não têm correspondido à necessidade de alfabetização em massa da população nacional;

CONSIDERANDO que urge conclamar e unir todas as classes do povo brasileiro no sentido de levar o alfabeto àquelas camadas mais desfavorecidas que ainda o desconhecem; ”

 Todavia, se em Cuba a experiência foi bem sucedida, aqui o caminho foi bloqueado por uma ditadura que durou vinte e um anos, iniciada em 1964. Um dos personagens interpretados pela atriz é o de um interrogador que questiona de forma autoritária o educador Paulo Freire sobre seu trabalho.

A Burlesca apresenta, neste espetáculo, um ponto de maturidade no manejo da carpintaria e de interpretação do teatro épico, com mais um resultado expressivo na trajetória de seu consistente repertório. O tempo presente e suas contradições é ponto de partida para um mergulho na história em que somos remetidos à diversos fragmentos de experiências de décadas passadas e a situações cujos impasses nos parecem semelhantes aos de nosso tempo, em que a extrema direita, no Brasil e no mundo, ameaça democracias por dentro e ou com golpes, impondo censuras à livros e retirada de circulação de materiais didáticos.

As personagens que a atriz Julie Wetzel nos apresenta nos comovem ou nos geram sentimento de repúdio, em todos os casos são familiares, verossímeis, possíveis, se não existentes. Entretanto, não é possível perseguir a história como uma narrativa linear, porque as cenas não encadeiam uma sucessão de presentes. O que acontece em cena são fragmentos de processos históricos encenados. A competência do trabalho de pesquisa que precede a fase de laboratório é outro aspecto que cabe destacar como marca da companhia: com “Bendita Dica” apresentaram uma personagem de Lagolândia (GO) que comandou lutas pela terra na região; no penúltimo espetáculo “A legítima história verdadeira” o grupo viajou para o Rio Grande do Sul e para a Paraíba para pesquisar as histórias das mártires da luta pela terra Roseli Nunes e Margarida Alves e, com elas, colocou em cena a forma do trabalho de base, de como as organizações juntam e organizam o povo, com mística, festa e alegria, a despeito da violência repressiva. E, agora, a pesquisa histórica extrapolou as fronteiras nacionais e nos apresenta a maneira como Cuba revolucionária erradicou o analfabetismo, no mesmo período em que fez a reforma agrária.

Assisti ao espetáculo com professores e estudantes da Licenciatura em Educação do Campo e quase uma centena de professores das escolas do campo do DF, reunidos no campus de Planaltina da Universidade de Brasília, no dia 14 de setembro, para uma etapa do curso de formação de professores da Educação Básica do DF “Programa Escola da Terra”. Entre o encanto do que foi narrado e interpretado pela “camarada Wetzel” e o incômodo decorrente do fato de sabermos o que já foi feito, o que foi impedido, e o que poderia ter sido feito desde a redemocratização... mas não foi... a peça Aurora convida à reflexão e ação.

Rafael Villas Bôas

Professor da UnB e jornalista.

Esse texto foi publicado no jornal Brasil de Fato em 19 de setembro de 2024: https://www.brasildefatodf.com.br/2024/09/19/a-aurora-novo-espetaculo-da-cia-burlesca-aborda-em-chave-epica-o-tema-da-educacao-de-ontem-e-hoje








segunda-feira, 7 de outubro de 2024

Terra em Cena na XII reunião científica da Abrace, na UFSJ

 Entre os dias 27 e 30 de setembro de 2024 cerca de 540 professores, pesquisadores, estudantes de pós-graduação e graduação, artistas das artes cênicas e militantes de movimentos sociais se reuniram em São João Del Rei para refletir sobre "o que podem as artes cênicas entre a máquina do mundo e as lutas pela terra?" na XII reunião científica da Associação Brasileira de Pesquisa e Pós-Graduação em Artes Cênicas. 

O Grupo de Pesquisa em História e Política da Cena, da UFSJ; coordenado por Berilo Nosela e Carina Guimarães, também integrantes da direção da Abrace, e o Coletivo Fuzuê, dirigido por Carina, estiveram a frente da proposição do tema e da articulação com representantes dos movimentos sem terra, indígena e quilombola. 

Na mesa de abertura o presidente da Abrace e Carina Guimarães, também integrante do Terra em Cena, explicaram a proposta temática da reunião ( https://www.youtube.com/watch?v=t92P1p8ZoBc&t=46s ). 

Ana Lêda Dias, professora egressa da Licenciatura em Educação do Campo, e coordenadora do grupo teatral quilombola Kalunga Vozes do Sertão Lutando por Transformação (VSLT) participou da mesa de abertura de abertura II "Em cena as lutas pela terra" ( https://www.youtube.com/watch?v=XZQVpdb84Qk ), em conjunto com Alan Leite, coordenador da Brigada Nacional de Teatro do MST Patativa do Assaré e João Nyn, do Coletivo Estepô (SP). 

Na mesa de encerramento ( https://www.youtube.com/watch?v=9-ZsExcY1Zc&t=4592s ) o desafio proposto aos convidados, a professora Lorena Verzero, da Universidade de Buenos Aires, e o professor Rafael Villas Bôas, coordenador do Coletivo Terra em Cena (UnB) foi aprofundar a reflexão proposta no tema do evento: "o que podem as artes cênicas entre a máquina do mundo e as lutas pela terra?".


O encontro aponta para aproximações estratégicas possíveis entre as universidades e movimentos sociais, entre as escolas da rede de teatro e vídeo político e popular Nuestra América (lá estiveram presentes representantes das escolas do Distrito Federal, do Rio de Janeiro e de Quito/Equador) e entre grupos de pesquisa do país e de países vizinhos, como a Argentina.



sábado, 5 de outubro de 2024

Terra em Cena saúda homenageados/as/es na 2° edição do Prêmio Paulo Freire

 No dia 26 de setembro de 2024 diversos/as integrantes do coletivo Terra em Cena foram homenageados/as em sessão solene na Câmara Legislativa do Distrito Federal. Obtiveram este reconhecimento pelos seus projetos e trabalhos durante a cerimônia de entrega da 2° edição do Prêmio Paulo Freire.

O Prêmio Paulo Freire é uma iniciativa do gabinete do deputado Gabriel Magno que visa reconhecer e valorizar publicamente “práticas e profissionais da área da educação, estudantes, familiares de estudantes, estudiosos da educação, ativistas pelo direito à educação e comunidades escolares. Pessoas que se destacam por suas contribuições na promoção do direito à educação, na gestão democrática, no Plano Distrital de Educação e em projetos político-pedagógicos que impactam as escolas públicas e seus territórios”.

Ao todo foram mais de 260 homenageados/as o que mostra a força do trabalho da educação formal e popular com alinhamento nos eixos da educação ambiental e patrimonial, antirracista e de práxis transformadora e inclusiva no Distrito Federal.

O coletivo Terra em Cena parabeniza a iniciativa e o/as homenageados/as.


Os detalhes do Prêmio estão disponíveis no endereço: https://www.gabrielmagno.com.br/premiopaulofreire

Sessão solene pode ser acessada pelo endereço: https://www.youtube.com/live/YdlxKZY4vLo?si=ph5ogsTSx8JxPWmh






quinta-feira, 3 de outubro de 2024

EDITAL DO PROFARTES UNB ABERTO:

 



Atenção professores e professoras de Arte, com atuação na Educação Básica: está aberto o Processo Seletivo do Mestrado Profissional em Artes, para turma de 2025 na Universidade de Brasília!!! São 16 vagas para Artes Cênicas, 8 vagas para Artes Visuais e 8 vagas para Música. Confira o edital e mais informações em: www.ida.unb.br/pos/profartes 


As inscrições ocorrerão de 21/10 a 30/10/2024.

》》na foto do card, uma cena da peça Pequeno Manual Antirracista, criação coletiva de estudantes da Escola Parque Anísio Teixeira, de Ceilândia, com as professoras Alana de Azevedo e Melissa Naves, egressa do ProfArtes.

sábado, 20 de julho de 2024

Terra em Cena apoia a chapa 90 Pensar e Fazer UnB

 O Coletivo Terra em Cena, grupo de pesquisa e programa de extensão do campus de Planaltina da UnB apoia a chapa 90 "Pensar e Fazer a UnB", da candidata a reitora Olgamir Amancia e do candidato a vice-reitor Gustavo Romero.

Olgamir faz excelente gestão como Decana de Extensão na administração da reitora Márcia Abrahão: 

• elevou exponencialmente a quantidade de ações de extensão da UnB; 

• instituiu os colegiados de extensão nas unidades de ensino; 

• democratizou o acesso às bolsas e recursos financeiros por meio de editais; 

• valorizou a extensão na progressão da carreira docente, 

• criou a rede de polos de extensão em regiões administrativad do DF e também em Alto Paraíso e Cavalcante (GO).

Muito tem sido feito ao longo dos 8 anos de administração da UnB pela reitora Márcia Abrahão em prol da inclusão e da democratização da universidade, e mais ainda poderá ser feito com a segunda professora a ser eleita como reitora da UnB. Ainda mais sendo ela uma professora de um dos novos campi, a Faculdade UnB Planaltina, que reconhece a necessidade da universidade se articular com comunidades e territórios de forma inclusiva, horizontal e comprometida politicamente.

Olgamir e Gustavo, diretor da Faculdade de Medicina, são uma dupla com largo conhecimento institucional, com ampla articulação política e visão projetiva para o futuro da Universidade de Brasília. Por isso, nos comprometemos com o convite para pensar e fazer a UnB junto com a chapa 90, e seguimos empOLGAdos com a campanha até a vitória!


terça-feira, 21 de maio de 2024

Protocolo: Ledocênicas vai à IESGO

No dia 22 de abril fomos convidados pela professora Tállyta Abrantes, que também faz parte do grupo Ledocênicas e dá aulas no curso de Pedagogia na Faculdade IESGO, a participar de sua aula na disciplina “Educação de Jovens e Adultos”. A aula foi sobre a Educação de Jovens e Adultos e o Teatro do Oprimido. Começamos a aula com uma cena de teatro fórum, onde sentamos em cadeiras e a professora começou a aula. Durante a explicação, uma estudante fazia perguntas s algumas palavras, como “Professora, o que é práxis?”. Outros estudantes começaram a debochar e fazer comentários maldosos, como “Nossa! Como que entrou na faculdade desse jeito?”. A cena continua com outras falas e começa uma discussão entre os estudantes. A cena congela com um estudante chamando a outra de burra. A curingagem começa explicando o que é o teatro fórum. Depois, são feitas perguntas como “O que vocês conseguem ver nesta cena?” ou “Alguém já viu essa cena acontecer? É uma situação comum?”. Depois do debate, o coringa perguntou se alguém quer entrar na cena no lugar do personagem oprimido. Uma estudante entra em cena e voltamos à discussão dos estudantes. Ela traz falas como “Vocês são uns mal-educados! Não respeitam os outros.” O debate aumenta e acabamos a cena com a personagem oprimida falando “Todos nós estamos aqui para aprender!”. Com o fim da cena, debatemos algumas formas de lidar com essa situação, fazendo o exercício de nos colocarmos no lugar do outro.


Fizemos essa cena por sugestão da professora Tállyta. Ela relatou que algumas estudantes estavam inseguras em fazer perguntas, pois estavam ouvindo comentários parecidos quando se posicionavam. Nessa turma, tem estudantes em semestres diferentes, uns no começo do curso e outros no final.

Após o debate, lemos em conjunto o texto “Histórico e metodologia do teatro do oprimido” de Eliene Rocha, presente no livro “Residência Agrária UNB: Teatro Político, formação e organização social”. Com o fim da leitura, iniciamos os jogos teatrais. Começamos andando pelo espaço e trocando olhares, depois jogamos “Contar sua própria história”. A estudante e integrante do Ledocênicas Aimê Fernandes, contou um relato de quando estava para se formar no ensino médio e foi fazer a última prova do ano, com sua filha bebê. A diretora da escola barrou ela e disse que não era permitido entrar na sala com o bebê, e se ela quisesse fazer a prova, sua filha teria que ficar do lado de fora. A situação foi resolvida quando um professor interveio e permitiu que Aimê fizesse a prova. Recriamos essa situação comigo e três alunas de Pedagogia. A cena trouxe muitos debates e relatos muito emocionantes de situações parecidas, algumas que ocorreram dentro da Faculdade. Fomos pensando em formas de solucionar esses problemas e também como reagir e intervir em situações parecidas.

Jogamos “Hipnotismo Colombiano” trocando as duplas, e por fim jogamos “Homenagem à Magritte”. No fim dos jogos, fizemos uma roda de conversa e ouvimos relatos muito positivos sobre como os jogos ajudaram a criar interações e relações. Ouvimos relatos como “Mesmo que a gente não se conheça e nunca tenha se falado, a gente conseguiu rir juntos e se divertir”, “Passei o dia ansiosa e chorando, mas quando a aula começou, me senti bem e com a cabeça no presente”, “Os jogos e as cenas mostraram situações comuns, mas que ajudam a pensar soluções” e “Gostei muito da aula, queria que tivessem mais aulas assim, que fazem a gente aprender com o lúdico”.

Foi uma experiência muito rica de troca de aprendizados. Pude ver com clareza a força que as artes cênicas têm de abordar temas complexos de formas simples e propor resoluções em coletivo.


Por Vinicius Silva."




segunda-feira, 13 de maio de 2024

Terra em Cena: teatro, audiovisual e artes visuais na Educação do Campo

 O Coletivo Terra em Cena se organiza no campus de Planaltina da UnB como uma ação extensionista desde 2010, primeiro como projeto e depois como programa de extensão com várias ações articuladas. Começamos essa história porque notamos que para fortalecer a formação estética e política das/dos futuras/os professores/as do campo era necessário estender a experiência de trabalho com as linguagens artísticas para o período em que nossas/os estudantes estão atuando em suas comunidades de origem, no que denominamos Tempo Comunidade. Desta forma, as turmas da Licenciatura em Educação do Campo poderiam protagonizar experiências formativas e pedagógicas envolvendo escolas e comunidades camponesas e quilombolas.

 

O curso em que atuamos forma por áreas de conhecimento, habilitando em Linguagens, Ciências da Natureza e Matemática, e organiza-se em dois eixos metodológicos durante o Tempo Comunidade: o de Inserção Orientada na Escola (IOE) e o de Inserção Orientada na Comunidade (IOC). Nesse contexto, compreendemos que o Terra em Cena colabora para que as linguagens artísticas e a cultura se articulem com processos de formação e organização social, estabelecendo os elos entre educação popular, cultura popular e comunicação popular, tanto buscando a formação de lideranças populares quanto a socialização dos meios de produção das linguagens artísticas para o fortalecimento das lutas camponesas e quilombolas.

 

Desde então diversos coletivos foram criados nas comunidades em que atuamos: a Brigada Semeadores, junto ao MST/DFE (2003-2013); o grupo Arte Kalunga Matec (2010), na comunidade Engenho II do quilombo Kalunga; o grupo Consciência e Arte (2011), no assentamento Itaúna; o Coletivo Arte e Cultura em Movimento (2011), no assentamento Virgilândia (GO); o grupo Vozes do Sertão Lutando por Transformação (VSLT), em Cavalcante (GO); o Coletivo Cenas Camponesas (PI). Em 2023, foram fundados o grupo Ledocênicas, por estudantes da LEdoC que residem nos arredores de Planaltina em 2023; e o grupo Jiquitaias, das comunidades quilombolas Kalunga Diadema e Ema, do quilombo Kalunga, em Teresina de Goiás (GO). Temos, ainda, o próprio Terra em Cena, que, em diversos momentos dos seus 14 anos de existência, atuou como elenco, montando peças de construção própria, como “Contra quê? Contra quem?” (2010), ou versões adaptadas de obras de referência do teatro político, como “Mutirão em Novo Sol” (2011 e 2012), além de realizar encenações para rua e versões audiovisuais de cenas de um grupo de agitação e propaganda soviético chamado Coletivo Blusa Azul, que atuou entre 1923 a 1927 na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), no âmbito do projeto Terra em Cena Conta Coletivo Blusa Azul (2017). Além disso, as produções coletivas de murais no campus de Planaltina e nas escolas do campo, assim como a criação de documentários por estudantes da LEdoC sobre seus territórios de moradia são resultados da práxis de nosso coletivo.

 

As disciplinas da Licenciatura em Educação do Campo ministradas por docentes do Terra em Cena se articulam às demandas organizativas, pedagógicas e políticas do curso: para o seminário dos 15 anos da LEdoC, a disciplina “Fundamentos Básicos das Artes Plásticas” produziu estandartes com os nomes das turmas do curso, que são nomes de pessoas que se destacaram na luta pela democracia e pela reforma agrária. As figuras destas pessoas foram gravadas nos estandartes por meio da técnica do stencil. Para as atividades da comissão de divulgação do vestibular da LEdoC, em 2024, a disciplina de “Oficina Básica de Artes Cênicas” (OBAC) construiu cenas de Teatro Fórum e de Teatro de Agitprop para serem apresentadas em escolas, comunidades camponesas e quilombolas, bem como em acampamentos e assentamentos da reforma agrária, no momento em que a comissão de divulgação do vestibular fazia o chamamento para o curso e explicava a forma de seu funcionamento.

 

Ao longo de 14 anos, organizamos cinco edições da Mostra Terra em Cena e na Tela, no DF, GO e PI, e, em 2024, faremos a VI edição da Mostra, na cidade de Cavalcante, em Goiás. O método de preparação para as Mostras envolve o processo de apoio, pelos formadores/as do Terra em Cena, aos grupos parceiros da Rede Terra em Cena, acompanhando-os em ensaios preparatórios às apresentações e debates durante as Mostras. Também realizamos curadorias e processos de produção audiovisual junto aos coletivos parceiros do Terra em Cena e organizamos práticas de criação e pintura coletiva de painéis e murais, visando expressar a identidade, a cultura e a resistência dos povos e comunidades camponesas nas paredes dos territórios por onde a Mostra passa.

 

O Terra em Cena trabalha de forma articulada com as dimensões do ensino, da extensão e da pesquisa. Desde 2016 somos também um grupo de pesquisa cadastrado no CNPQ. E desde 2017 criamos, em parceria com alguns coletivos e movimentos sociais, a Escola de Teatro Político e Vídeo Popular do DF. Publicamos dois livros coletivamente e muitos artigos, monografias, dissertações e algumas teses foram escritas envolvendo os temas, questões e experiências desenvolvidas pelo Terra em Cena. Os livros “Teatro político, formação e organização social” e “Cultura e Política: narrativas da Escola de Teatro Político e Vídeo Popular” podem ser encontrados no blog. Entendemos que o esforço da sistematização é fundamental para avançarmos no processo de informação, formação e organização, assumindo a inerente relação entre política e arte, bem como defendendo a arte como um direito humano pelo qual nos fazemos seres poético-políticos!


Rafael Litvin Villas Bôas, Felipe Canova Gonçalves e Kelci Anne Pereira


O texto também foi publicado no site da Universidade de Brasília no dia 29/04/2024. Está disponível no endereço: https://noticias.unb.br/artigos-main/7303-terra-em-cena-teatro-audiovisual-e-artes-visuais-na-educacao-do-campo

 

quinta-feira, 2 de maio de 2024

Território potente de estéticas políticas

 Era 27 de abril, uma tarde de sábado e o outono já trazia um clima seco e fresco mais agradável. Foi na casa de Preto Rezende, na “casa teatro” Lieta de Ló, no seu espaço sonho que é nosso, há muito tempo da comunidade. Foi feito por necessidade de ter chão para o trabalho que já existia há tempos. 1987. Esse é o ano de nascimento do seu grupo “Senta que o leão é manso”. Seu pai (em memória), disse: “Não aguento mais ver vocês trabalhando debaixo de pé de manga. Tá na hora de ter um espaço. Não é disso que você gosta?!” Foi ele, o pai que deu impulso, para lá em 2013 Preto Rezende erguer as paredes do sonho. Negociou um metro e meio da cozinha da mãe para colocar os espelhos do camarim, uma porta de cada lado, uma direto pra cena, a outra pra plateia. “Do jeito que a gente gosta de fazer teatro” Preto falou, “dividi o espaço meio a meio, 5 metros para o palco e cinco para a plateia”. Tudo bem distribuído, pensado e organizado com carinho.

O pessoal foi chegando, alguns rostos conhecidos. Uns chegavam com bacia de cuscuz, outros com garrafas de sucos. Bastante gente para uma oficina. Coisa bonita de ver é muita gente reunida. Preto deu boas vindas do seu jeito afetuoso, com frescor de jovem que realiza sonho. Ele brilha enquanto conta a história do mini teatro, não há dúvidas. Todos os olhos brilhavam pra ele de volta.

Na roda de apresentação uma grande trama foi se costurando com fios antigos e fortes. De certa forma impactante, pra quem é acostumado com história de cidade recente. Planaltina é a anciã do DF. Muitos já tinham assistido o trabalho da Cia Burlesca, muitos presentes eram formados pela Licenciatura em Educação do Campo da FUP/UnB, muitos já conheciam a Comuna Panteras Negras (MST), outros eram filiados ao PCdoB e muitos eram do grupo junino Arrasta Pé. Quem não conhecia alguma destas organizações, se sentia dentro porque vinha das outras. Uma manta firme e resistente feita de organizações com musicalidade, aprendizados e muitas histórias. Este era o chão firmado para a oficina.

A oficina de Teatro Político, ministrada por Julie Wetzel (Cia Burlesca e Latera), foi organizada pelo grupo LedoCênicas, recém-formado pelos estudantes da Licenciatura em Educação do Campo da FUP/UnB. Esta oficina aconteceu depois de mais duas, da Viviane Pinto sobre políticas públicas para cultura, e do Wellington Oliveira sobre Teatro do Oprimido. Pessoas estas, organizadas pela rede de trabalho e pesquisa do Coletivo Terra em Cena.

Ao longo da oficina, ao executarem exercícios e jogos, o grupo dialogava sobre as amarras do sistema capitalista e ao mesmo tempo sobre as perspectivas de resistência que são desenvolvidas nas suas organizações. É surpreendente perceber o tanto que os conhecimentos gerados pelas organizações comunitárias, acadêmicas, educacionais e populares se ramificam e se complementam. Uma riqueza imensurável quando se organiza pela educação e o teatro popular para debater e avançar com as pautas de forma complexa, dialética e didática.

O debate em relação às cenas foi a partir de várias camadas e pontos de vista, alcançando um nível de complexidade de muito aprendizado. Não poderia ser diferente. As cenas em si, trouxeram temas como: homofobia articulada com as igrejas pentecostais (cura gay), a condição precária do transporte público que causam danos físicos, sociais e econômicos na classe trabalhadora (motorista e usuários), e duas cenas sobre os desafios atuais para debater sobre o racismo. Estas duas últimas cenas geraram um debate caloroso sobre como podemos avançar com a formação da população brasileira para conscientização histórica da condição da população negra e seus saberes, levando em consideração a sua diversidade e especificidades.

Se o propósito da oficina fosse escolher um ponto de partida para desenvolver um tema complexo e desafiador para estudo coletivo, encenação e debate, a consciência negra foi o tema que falou mais alto.

Saímos com desejo de mais encontros; de trabalhar mais em cima destas cenas; de dar continuidade e aprofundar os debates; de trazer especialistas de outras áreas do conhecimento para contribuir com outras perspectivas dos temas abordados; de outras pessoas da oficina conduzirem outras atividades; de aproveitar os conhecimentos da quadrilha junina para fomentar o teatro e vice-versa; de manter encontros contínuos no Mini Teatro Lieta de Ló. Enfim, de se manter em movimento com aprendizado coletivo por meio do teatro político e popular.

Vida longa a todas as organizações que estiveram presentes fazendo esta rica troca de saberes!

Julie Wetzel







quarta-feira, 1 de maio de 2024

Escolas do Campo periurbanas no DF: da produção teórica à práxis pedagógica

 No dia 30 de abril de 2024, aconteceu o Dia do Campo no Centro Educacional (CED) Vendinha, da Coordenação Regional de Ensino de Brazlândia (CRE/Braz). “Os Desafios da escola do campo em perímetro periurbano” foi o tema do encontro que reuniu em torno de 50 pessoas entre professores/as, servidores da escola e coordenadores intermediários da CRE/Braz.

 A supervisora da escola, Ana Paula Campos, integrou a primeira turma do Programa Escola da Terra do Distrito Federal. Este Programa está atualmente com a sua terceira turma de formação, mantendo um vínculo perene entre a Licenciatura em Educação do Campo da Universidade de Brasília e as Escolas do Campo da Secretaria de Educação do Distrito Federal.

Ana Paula relata que a escolha do tema para o Dia do Campo de 2024 se deu em diálogo com o artigo de conclusão de curso da primeira turma do Escola da Terra defendido em 2022 pelas professoras Beatriz Pereira, Julia Brito e Simone Rosa; com orientação do professor Felipe Canova (UnB), e co-orientação de Edinéia Alves (SEEDF). Na banca de avaliação do trabalho estiveram os professores Rafael Villas Bôas (UnB) e Cleide Souza (SEEDF).

O artigo de título “Escolas do campo periurbanas : contradições e movimentos potenciais de organização da classe trabalhadora do Distrito Federal” está disponível no endereço: https://bdm.unb.br/handle/10483/34483.

Em resumo, o artigo lança um olhar sobre escolas que encontram-se em contexto de campo periurbano no Distrito Federal. Apontam-se questões que impulsionaram tal fenômeno e as contradições presentes nesse espaço. Além disso, são analisadas experiências que articulam a relação campo e periferia com vistas na organização da classe trabalhadora e na potencialização da função social da escola. No artigo, conclui-se que o território das escolas do campo periurbanas representa uma potencialidade dilatada na construção de uma solidariedade de classe entre campo e cidade por meio da compreensão dialética das contradições internas e externas presentes nesses espaços.

O convite do CED Vendinha trouxe a possibilidade de diálogo entre teoria e práxis. A escola é composta por estudantes do 1º ao 9º ano do Ensino Fundamental vindos do Assentamento Vitória, que tem características periurbanas, das chácaras próximas da escola e, principalmente, das chácaras e bairros do município de Monte Alto-GO, uma vez que a escola está na fronteira do Distrito Federal com o Goiás.

Esse ponto já traz em si uma série de peculiaridades para realidade dessa escola, tal como a impossibilidade dos estudantes que não residem no Distrito Federal usufruírem do transporte escolar oferecido pela secretaria de educação. Questão amplamente pautada durante a primeira edição do Escola da Terra.

A escola tem avançado na construção do seu Inventário da Realidade Escolar, neste processo outras contradições emergiram, tais como o perigo enfrentando pelos estudantes ao atravessarem a BR 080 para retornar à suas residências. Essa, que é uma das vias de maior tráfego de caminhões do DF, não conta com nenhuma sinalização de perímetro escolar, tão pouco uma faixa de pedestre. A escola procurou soluções junto ao DER, mas não teve sua solicitação atendida. Tamanha é a insegurança que um ex-estudante chegou a ser atropelado na saída da escola e veio a óbito.

As professoras fizeram a experiência de filmar esse momento de travessia para composição do inventário.

Outra professora, moradora do município de Monte Alto, chama a atenção para o problema do aterro sanitário existente em sua comunidade, que em função do manejo inadequado provoca desconforto aos moradores além das implicações ambientais, considerando que a área é de destinação rural.

As observações do corpo docente da escola entraram em diálogo com as questões abertas pelo artigo, mostrando os desafios e peculiaridades que escolas do campo periurbanas enfrentam.

Por fim, colocou-se a seguinte questão: o Dia do Campo é um espaço de apreciação, socialização e aprofundamento nos debates e investigações da realidade, mas o que fazer a partir daí? Sem dúvida desvelar camadas da realidade já é em si um grande saldo do processo de práxis pedagógica. Mas como ir além? Como intervir?

A constatação de que existe uma limite na atuação da escola por diversos motivos, tanto pela sobrecarga de trabalho, quanto pela capacidade de pressão limitada, é ponto comum. A saída encontrada está no fortalecimento da relação escola e comunidade e a tática cabível para esse movimento é a pedagogia da alternância expressa pelo tempo escola e tempo comunidade.

A pedagogia da alternância, bem como o Dia do Campo, são garantidos pela portaria que institui a Política em Educação do Campo no Distrito Federal. Contudo, isso não garante que a mesma seja implementada. Os limites burocráticos, a dificuldade de compreensão das especificidades da Educação do Campo frente às grandes demandas da secretaria de educação fazem com que ainda não se tenha notícia de uma experiência robusta em alternância na educação básica do DF. Vale ressaltar, por fim, que muitas dessas dificuldades são convergentes ao que a LEDOC enfrenta no âmbito do ensino superior.

Simone Rosa





quarta-feira, 24 de abril de 2024

Ledocênicas vai à escola

 Em 17 de abril, em memória do trágico evento ocorrido em Eldorado dos Carajás, no Pará, em 1996, onde trabalhadores do campo foram brutalmente assassinados por lutarem pela terra, é comemorado o Dia Internacional das Lutas Camponesas. Em razão deste dia, algumas integrantes do coletivo Ledocênicas, Tállyta, Isabella, Francielle, Angela e Nayanne, foram convidadas pelo CEF São José, no Núcleo Rural São José em Planaltina DF, para realizar uma palestra sobre a educação do campo para os estudantes.

A manhã de quarta-feira (17/04/2024) foi marcada por jogos teatrais e apresentações, incluindo o batizado mineiro, que foi sucesso entre as crianças do 1º ao 5º ano. A programação foi dividida em dois períodos: das 9h às 10h para as crianças do 1º ao 5º ano, e das 10h às 11h para os estudantes do 6º ao 9º ano, alcançando mais de 100 estudantes. No decorrer dos dois períodos, todos foram surpreendidos por uma mística linda, organizada pela professora Iolanda Helena e apresentada por oito crianças, que cantaram a música “Não vou sair do Campo”, de Gilvan Santos.

As estudantes e egressas da Licenciatura em Educação do Campo utilizaram diferentes metodologias e didáticas nos dois períodos para atender a todos, considerando a diferença de idade. Foram feitas perguntas às crianças, como "Quem tem horta em casa?", "O que você mais gosta na roça?", "Quem gosta de dançar forró?", com o objetivo de explorar a vivência no campo dos estudantes. Durante as dinâmicas, foram discutidas a importância da coletividade, de uma alimentação saudável, da educação do campo, o acesso à universidade pública e a luta pelo acesso à terra.

Ao final da palestra, o grupo aproveitou para divulgar o edital do vestibular da Licenciatura em Educação do Campo. E também relataram que saíram revigoradas e se sentindo verdadeiramente educadoras do campo após a acolhedora experiência com o Centro de Ensino, onde trocaram contatos com as educadoras e educadores para planejarem novos projetos voltados para a escola.

Por Angela Caetano






quinta-feira, 11 de abril de 2024

Resultado provisório do projeto "Projeto “Agroecologia na construção da educação escolar quilombola e camponesa: sementes, sabores, olhares e saberes"

 Informo abaixo, por ordem de classificação, o  resultado provisório das entrevistas referentes à seleção de um/a bolsista para o Projeto “Agroecologia na construção da educação escolar quilombola e camponesa: sementes, sabores, olhares e saberes".


1o. lugar - Matrícula 180004794

2o. lugar/Cadastro Reserva - Matrícula 180094491

3o. lugar/Cadastro Reserva  - Matrícula 200053108

4o. lugar/Cadastro Reserva - Matrícula 200047736


Aproveito para agradecer o interesse de todos os candidatos e de todas as candidatas no projeto e para convida-los/as a integrar nossa equipe como voluntários/as.

Kelci Anne Pereira

Coordenadora da Ação


Resultado provisório do processo seletivo para bolsas de Extensão do Terra em Cena - Projetos "Escola de Teatro Político e Vídeo Popular do DF" e "VI Mostra Terra em Cena e na Tela"

A coordenação dos projetos "Escola de Teatro Político e Vídeo Popular do DF" e "VI Mostra Terra em Cena e na Tela" torna pública a lista de candidatos aprovados no processo seletivo para a concessão de bolsas de extensão, conforme lista abaixo, exibida por ordem de classificação.



Escola de Teatro Político e Vídeo Popular do DF


1o. Lugar                  - Matrícula 232051239

2o. Lugar/Cadastro Reserva - Matrícula 222028415

3o. Lugar/Cadastro Reserva - Matrícula 160106940

4o. Lugar/Cadastro Reserva - Matrícula 222040090

5o. Lugar/Cadastro Reserva - Matrícula 232051186


VI Mostra Terra em Cena e na Tela


1o. Lugar                  - MAtrícula 200047469

2o. Lugar/Cadastro Reserva - Matrícula  222028415

3o. Lugar/Cadastro Reserva - Matrícula 200047523

4o. Lugar/Cadastro Reserva - MAtrícula 200047914

5o. Lugar/Cadastro Reserva - MAtrícula  232051186


Aproveitamos para agradecer o interesse de todos os candidatos e de todas as candidatas nos projetos do Terra em Cena e para convida-los/as a integrar nossas equipes como voluntários/as.

atenciosamente, 


Kelci Anne Pereira

Rafael Litvin Villas Bôas


quarta-feira, 10 de abril de 2024

Chamada para entrevistas para seleção de bolsistas PIBEX - Projeto Agroecologia na

 

 CONVOCAÇÃO PARA ENTREVISTAS

PROCESSO DE SELEÇÃO DE BOLSISTA PIBEX 2024 (FUP/UnB)

CHAMADA PÚBLICA N° 002/2024


Projeto “Agroecologia na construção da educação escolar quilombola e camponesa: sementes, sabores, olhares e saberes"


Conforme critérios de avaliação publicados na Chamada Pública no. 001/224, torno pública a chamada para as entrevistas dos inscritos para concorrer a 1 bolsa do Projeto de Extensão “Agroecologia na construção da educação escolar quilombola e camponesa: sementes, sabores, olhares e saberes", coordenado pela profa. Kelci Anne Pereira.


Chamamento para Entrevistas - Seleção de bolsistas PIBEX (Projetos "Escola de Teatro Político e Vídeo Popular do DF" e "VI Mostra Terra em Cena e na Tela"

 

Conforme prazos estipulados nas chamadas públicas para seleção de bolsistas no âmbito do Terra em Cena, segue a lista de candidatos habilitados/as para as entrevistas a serem realizadas dia 11/4/24, na sala de artes da FUP ou virtualmente, visando a seleção de dois bolsistas para os projetos  "Escola de Teatro Político e Vídeo Popular do DF" e "VI Mostra Terra em Cena e na Tela.


https://drive.google.com/file/d/1-OvGPCi_PTecUBtC_x7GcL-XxWXjHH5D/view?usp=sharing


domingo, 7 de abril de 2024

CHAMADA PÚBLICA - BOLSAS NOS PROJETOS DE EXTENSÃO TERRA EM CENA E ETPVP-DF



PROJETOS

💫“Escola de Teatro Político e Vídeo Popular do Distrito Federal: conexão com sujeitos coletivos, formação e transformação” 

e

💫“6ª Mostra Terra em Cena e na Tela: artes cênicas e artes visuais na educação do campo e quilombola” 


🎭🎬2 vagas para estudantes da LEDOC que tenham interesse nas temáticas teatro, audiovisual e luta de classes e disposição para atuarem nas diferentes atividades dos projetos de extensão (reuniões, eventos, grupos de estudo, ensaios, gravações, sistematização, etc). 

🎯Desejável : ter interesse em aprofundar nos estudos e práticas do projeto; ter experiência com teatro e/ou vídeo; residir no território quilombola Kalunga ou ter disponibilidade para viajar para este território.




Inscrições: de 07/4/24 a 9/4/24  


Pelo link 

https://forms.gle/w9X59QASdSUpRVvy6


E também via Sigaa

O(A) candidato(a) deverá ainda, efetuar login no SIGAA (www.sig.unb.br) e proceder com as seguintes instruções:


a) Clicar na aba Bolsas e, em seguida, Oportunidades de Bolsas;


b) Selecionar tipo de bolsa: Extensão e clicar em buscar;


c) Clicar no Projeto desejado, neste caso, a ação de extensão é: ““Escola de Teatro Político e Vídeo Popular do Distrito Federal: conexão com sujeitos coletivos, formação e transformação (PJ608-2024)” “6ª Mostra Terra em Cena e na Tela: artes cênicas e artes visuais na educação do campo e quilombola (PJ471-2024)" "Agroecologia na construção da educação escolar quilombola e camponesa: sementes, sabores, olhares e saberes (PJ489-2024)


d) Ler a mensagem do Cadastro Único e marcar a caixinha com "Declaração" e "Continuar"; o(a) estudante deve preenchê-lo, mesmo que não faça parte do Cad. Único ou não esteja em situação de vulnerabilidade. É uma exigência do sistema;


e) Informar o perfil (descrição pessoal, áreas de interesse e o link do Currículo Lattes) e, em seguida, "gravar perfil";


f) Responder ao questionário socioeconômico. OBS: Na resposta 17, se não tiver código, apenas informar o número zero (0);


g) Confirmar a Inscrição; incluir um pequeno texto sobre as suas qualificações como estudante;


h) Inserir novamente o link do Currículo Lattes;


i) Clicar em "Registrar-se como interessado";


j) Aguardar e-mail de confirmação da inscrição.


Edital

https://drive.google.com/file/d/1UuenZPGivACxh8Vfryllvuw_Ndm0ysVK/view?usp=sharing

sexta-feira, 5 de abril de 2024

Chamamento: Inscrição Bolsa Extensão - "Agroecologia na construção da educação escolar quilombola e camponesa"



 

Edital:


Inscrição de 6 a 9 de abril
Via Forms
https://forms.gle/8V5zTc1m73SakTnE8 

E também via Sigaa

O(A) candidato(a) deverá ainda, efetuar login no SIGAA (www.sig.unb.br) e proceder com as seguintes instruções:


a) Clicar na aba Bolsas e, em seguida, Oportunidades de Bolsas;


b) Selecionar tipo de bolsa: Extensão e clicar em buscar;


c) Clicar no Projeto desejado, neste caso, a ação de extensão é: ““Escola de Teatro Político e Vídeo Popular do Distrito Federal: conexão com sujeitos coletivos, formação e transformação (PJ608-2024)” “6ª Mostra Terra em Cena e na Tela: artes cênicas e artes visuais na educação do campo e quilombola (PJ471-2024)" "Agroecologia na construção da educação escolar quilombola e camponesa: sementes, sabores, olhares e saberes (PJ489-2024)


d) Ler a mensagem do Cadastro Único e marcar a caixinha com "Declaração" e "Continuar"; o(a) estudante deve preenchê-lo, mesmo que não faça parte do Cad. Único ou não esteja em situação de vulnerabilidade. É uma exigência do sistema;


e) Informar o perfil (descrição pessoal, áreas de interesse e o link do Currículo Lattes) e, em seguida, "gravar perfil";


f) Responder ao questionário socioeconômico. OBS: Na resposta 17, se não tiver código, apenas informar o número zero (0);


g) Confirmar a Inscrição; incluir um pequeno texto sobre as suas qualificações como estudante;


h) Inserir novamente o link do Currículo Lattes;


i) Clicar em "Registrar-se como interessado";


j) Aguardar e-mail de confirmação da inscrição.



Cronograma:

  • Inscrições via Formulário:  6 de abril de 2024 até às 23h59 do dia 09 de abril de 2024
  • Realização das entrevistas: 11 de abril de 2024
  • Resultado Provisório: A partir das 18 horas do dia 11 de abril de 2024
  • Recurso do Resultado Provisório: Até as 17 horas do dia 12 de abril de 2024
  • Resultado Final: 13 de abril de 2024
Assinatura do Termo de Compromisso e envio ao e-mail kelcipereira@gmail.com Até 12 horas do dia 14 de abril de 2024

terça-feira, 2 de abril de 2024

Protocolo sobre a oficina “Práticas de presença e dramaturgias de corpo” com a professora Alice Stefânia do PPGCÊN.


Começamos a aula com a professora Alice Stefânia colocando música, alongamos escolhendo os próprios movimentos e posições. Fizemos o exercício de imaginar uma caneta em alguma parte do corpo e escrever nosso nome completo, explorando o tamanho da letra e velocidade de escrita. Imaginamos a caneta entre nossas pernas, nos cotovelos, pés, mão e nariz. 
A partir destes movimentos e o ritmo da música fomos criando movimentos e variações. Após termos em mente algumas sequências de movimentos, ficamos em dupla um de frente para o outro e fazendo o mesmo movimento em conjunto, como se fossemos um reflexo no espelho, tudo isso sem comunicação, apenas analisando e reproduzindo os movimentos. A atividade evoluiu juntando duas duplas executando o mesmo movimento, com dois grupos grandes, a professora instigou algumas interações como um confronto, prestando atenção na forma do grupo, sons, movimentos e expressões faciais.

 Para o outro jogo a professora colocou duas cadeiras, uma de frente para a outra e explicou como a posição entre os corpos pode influenciar um sentimento, sentado pode passar melancolia, em pé distante pode transmitir o sentimento de ira. Fizemos uma cena com dois atores sentados e duas falas: um fala “me diga a verdade” e o outro responde “eu já te disse”. A cena evolui com gestos, formas de falar, e os atores podem trocar as falas em algum momento da cena. Observando a expressão facial, tom de voz, forma de falar, gestos e posição no espaço vamos construindo uma narrativa com início, meio e fim.

 O último jogo que fizemos é como um telefone sem fio de expressões, com quatro estudantes sentados, um do lado do outro, é escolhido uma emoção. Um que está na ponta começa com uma expressão facial bem sutil de emoção e lentamente olha para o parceiro do lado, esse reproduz a expressão e adiciona um pouco mais do sentimento, assim o grupo evolui com o sentimento e são incluídos movimentos, sons, e ações fora da cadeira. O jogo pode evoluir com a emoção a seu extremo e nesse momento trocar o sentimento também no ápice, e o grupo vai diminuindo a emoção um grau até acabar.

Finalizamos a aula com uma roda de conversa sobre a aula e refletimos sobre nossas experiências com os jogos e sobre nossa relação com as artes cênicas. 



Protocolo sobre a oficina ministrada em aula da disciplina Oficina Básica de Artes Cênicas no dia 27/03/2024.

Autor: Vinícius Campos da Silva